A diretora do "Le Monde", Natalie Nougayrède, anunciou hoje seu pedido de demissão do maior jornal francês. O pedido ocorre uma semana depois que 7 dos 11 redatores-chefe do jornal deixaram seus cargos por discordar da gestão e da linha editorial atuais do diário.
O anúncio foi feito no fim do prazo dado pelos funcionários para a resposta a um pedido de mediação com a direção. Eles querem mudanças na maneira de guiar a publicação, que este ano comemora seu 70º aniversário.
Em comunicado à imprensa francesa, Nougayrède -que assumiu o cargo em março de 2013 após a morte repentina de Erik Izraelewicz por infarto- indicou que não dispõe dos recursos para seguir exercendo suas funções.
CONFLITO
Na origem do conflito está o desacordo sobre a fórmula para a edição em papel e um plano de mobilidade interna aparentemente não pactuado, que prevê o corte de 57 postos da redação e redistribuição interna de vagas, principalmente na seção digital.
O "Le Monde" atravessa uma crise há vários meses devido a um plano da direção do jornal para desenvolver a área digital, segundo os sindicatos às custas da cobertura de setores como meio ambiente ou os conflitos sociais.
Nougayrède, de 48 anos, ex-correspondente em Moscou e ex-correspondente diplomática, chegou à direção do diário com um apoio de 79,98% da redação, mas desde então é criticada por uma gestão "solitária".
Seus dois assistentes, Vincent Giret e Michel Guerrin, se somaram na semana passada às demissões em série, abandonando o cargo na sexta-feira. "Uma ausência de confiança e de comunicação com a direção da redação nos impede de cumprir com nossas funções", escreveram os sete funcionários que pediram demissão na ocasião, em mensagem interna enviada a Nougayrède e a Louis Dreyfus, presidente da direção do jornal.
"Diante a revolta dos redatores-chefe, (...) Nougayrède decidiu sair", publicou no dia o concorrente "Le Figaro", enquanto o site de pesquisa "Mediapart" afirmou que, aparentemente, os três acionistas do jornal (Pierre Bergé, Xavier Niel e Matthieu Pigasse) não foram consultados na hora de tomar a decisão.
Está previsto, segundo os veículos de imprensa, que a Sociedade dos Redatores de "Le Monde" se reúna nesta tarde com os acionistas para que seja nomeado um diretor interino o mais rápido possível, até que se decida o nome do novo responsável pelo jornal.
Escrito por Da Redação
Publicado em 14.05.2014, 11:40:00 Editado em 27.04.2020, 20:14:47
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