"Quando Eu Era Vivo" estreia nesta sexta-feira (31) como um dos raros filmes nacionais de terror que chegam ao circuito comercial. Sem monstros ou assassinos mascarados, o longa do diretor Marco Dutra aposta menos em sustos e mais em clima, usando luz, som e o poder da sugestão para mexer com o público.
A trama é uma adaptação de "A Arte de Produzir Efeito Sem Causa", romance do escritor Lourenço Mutarelli, que faz uma "cameo" no filme, interpretando um motorista. O roteiro toma algumas liberdades em relação ao livro, desde a troca de alguns detalhes a cortes de partes da narrativa.
O espaço acompanha a evolução de Júnior e se transforma junto com ele. No início, os ambientes são ensolarados, a decoração é mais moderna e os aparelhos de ginástica tomam a sala. Depois, este local quase antisséptico é contaminado pelo aspecto sombrio dos objetos retirados das caixas - quadros, fotografias, castiçais, louças e enfeites que deixam a casa tão soturna quanto o protagonista.
Em boas atuações, Fagundes e Descartes ajudam a reforçar este contraste: o pai é alegre, namora a vizinha, cuida da saúde; o filho é triste, esquisito, difícil de lidar.
Menos acertada foi a escolha de Sandy, uma aposta que, aliás, tem toda a cara de jogada de marketing. Não que a cantora seja especialmente má atriz - na verdade, o papel nem chega a dar chance para que ela brilhe ou derrape. Mas quando Sandy aparece cantando (e ela canta bastante) com uma flor no cabelo, é difícil disassociá-la de sua própria imagem.
Uma mudança de visual mais marcante - um corte de cabelo radical, um figurino menos próximo ao de Sandy na vida real - talvez ajudasse a atriz a apagar os traços de celebridade e impedisse que sua presença em cena seja tão quebra-clima em um filme no qual clima é tudo.
Fonte/autoria: Luísa Pécora - ultimosegundo.ig.com.br
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