MAIS LIDAS
VER TODOS

Entretenimento

Há 4 meses, cão monta guarda, em vão, à espera do dono

Ninguém imaginaria que aquele bichinho, abandonado numa favela, infestado de carrapatos e tomado pela sarna, sobreviveria a doenças de pele espalhadas pelo corpo. Voluntários de uma ONG recolheram o cão e lhe deram tratamento. Faltava um lar. José Sant

Da Redação

·
Há 4 meses, cão monta guarda, em vão, à espera do dono (Crédito da foto - Apu Gomes/Folhapress/.folha.uol.com.br)
Icone Camera Foto por
Há 4 meses, cão monta guarda, em vão, à espera do dono (Crédito da foto - Apu Gomes/Folhapress/.folha.uol.com.br)
Escrito por Da Redação
Publicado em 26.09.2013, 17:07:00 Editado em 27.04.2020, 20:24:15
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

Ninguém imaginaria que aquele bichinho, abandonado numa favela, infestado de carrapatos e tomado pela sarna, sobreviveria a doenças de pele espalhadas pelo corpo.

Voluntários de uma ONG recolheram o cão e lhe deram tratamento. Faltava um lar. José Santos Rosa, funileiro da zona leste paulistana, quis ficar com ele. O filhote chegou numa caixa de sapatos.

Zé pensou em levá-lo para casa, mas, ao saber que o cão ficaria "gigante", herança de seus traços genéticos, mezzo labrador, mezzo rottweiler, resolveu deixá-lo na oficina.

Logo, Beethoven passou a orquestrar barulhos por onde andava. Serelepe, cruzava fácil as grades do portão, que ganhou tampões de madeira para mantê-lo a salvo da rua.

O cãozinho, lembra a vizinha Margareth Thomé, 47, "achava que era gato": escalava o muro da funilaria e andava sobre ele, espreitando, ansioso, a chegada do dono.

Na tentativa de conter o ímpeto felino do cão, Zé levantou ainda mais o muro. Por volta das 7h, o barulho do molho de chaves de Zé era a senha para Beethoven pular da cama e ir direto se sacudir no colo do dono.

Sábado, domingo ou feriado, sol e chuva, pouco importava o dia, tampouco o clima, lá estava ele, postado na entrada, fazendo festa para Zé.

Mas, desde o dia 8 de junho, uma manhã de sábado, o silêncio e a tristeza tomaram conta de Beethoven: a rotina de latidos, saltos e carinhos, ao longo de quatro anos, foi interrompida.

Na noite anterior, depois de se despedir do "amigão", como era de costume, o funileiro pegou o carro para ir embora. Dirigia pela avenida Rio das Pedras (zona leste), quando, sentindo fortes dores no peito, procurou às pressas um lugar para estacionar.

Ligou para o Samu. A emergência veio rápido, só que tarde demais: Zé, 54, sofreu um ataque cardíaco. Deixa a mulher, duas filhas e Beethoven.

'SEMPRE AO SEU LADO'

"O cachorro ficou tão desamparado quanto elas", diz Margareth. A vizinha fez uma "vaquinha" para comprar ração, mas o apetite do cão, antes voraz, diminuiu bastante.

Ela pretende encontrar um novo lar para Beethoven, que hoje divide o teto com outros seis cães de rua, trazidos por um carroceiro que está "ocupando" a funilaria. A família de Zé não tem condições de ficar com Beethoven, que foi para adoção (www.facebook.com/cristiane.biral ).

"Quando ele ouve o barulho de chaves, vem correndo para o portão", conta Margareth. "Acha que é o Zé."

Elvira Brandolin, 79, outra vizinha, lembra que a rua nunca esteve tão calada. "Ele latia fazendo festa para o Zé. Infelizmente, a festa acabou."

Autora de livros como "Um Cão pra Chamar de Seu", a veterinária Regina Rheingantz Motta, 53, explica que Beethoven continua exercitando sua rotina "de encontros e despedidas de seu dono, mas ele ainda não aprendeu a incluir nela a morte".

A persistência de Beethoven fez com que seus vizinhos enxergassem semelhanças entre o cão sem raça definida e a tocante história de Hachiko, o cachorro akita do filme "Sempre ao Seu Lado".

Após a morte do dono, Hachiko continua indo "buscá-lo" na estação de trem, assim como Beethoven continua lá, às portas da funilaria, à espera do amigo humano.

Baseado em uma história real acontecida no Japão, o longa fez sucesso com Richard Gere no papel do professor, dono do cão, que morre, assim como o Zé, vítima de um ataque fulminante.

Mesmo calado e desolado, Beethoven continua fiel à guarda matinal à espera de Zé, todos os dias, às 7h.

O que ele ainda não sabe é que o dono jamais voltará.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/09/1347616-ha-quatro-meses-cao-monta-guarda-em-vao-a-espera-do-dono.shtml

continua após publicidade

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Entretenimento

    Deixe seu comentário sobre: "Há 4 meses, cão monta guarda, em vão, à espera do dono"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!