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Atriz de 16 anos que mostra seio em peça nega pornografia

Envolvida numa polêmica por mostrar o seio e simular um ato sexual no musical "O Despertar da Primavera", a atriz Malu Rodrigues, de 16 anos, diz ter ficado "chateada" ao saber que o Ministério Público de São Paulo e o do Rio de Janeiro apuram a suspei

Da Redação

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 Malu Rodrigues
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Malu Rodrigues
Escrito por Da Redação
Publicado em 05.05.2010, 13:08:00 Editado em 27.04.2020, 21:02:10
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Envolvida numa polêmica por mostrar o seio e simular um ato sexual no musical "O Despertar da Primavera", a atriz Malu Rodrigues, de 16 anos, diz ter ficado "chateada" ao saber que o Ministério Público de São Paulo e o do Rio de Janeiro apuram a suspeita de os responsáveis pela peça terem infringido o Estatuto da Criança de do Adolescente (ECA) ao permitirem a exibição da parte íntima da adolescente no espetáculo.

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Em entrevista, a garota, de 1,64 m e 50 kg, filha de pais separados (mora com o pai e a avó), emancipada, estudante do segundo ano do ensino médio em um colégio de freiras, diz que é virgem e que jamais teve um namorado. Ela afirma ainda que a cena em que exibe um dos seios "tem todo um contexto". "Não é igual a uma foto de mulher pelada na Playboy."

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Maria Luisa Rodrigues deu a entrevista por telefone. Falou por quase 20 minutos com a reportagem enquanto fazia o trajeto em um táxi, do colégio onde estuda ao curso de canto, no Rio de Janeiro. A conversa teve o consentimento do pai, Sérgio Rodrigues, de 47 anos. "Ninguém que assistiu à peça saiu de lá chamando minha filha de gostosa ou piranha."

A adolescente diz que "entende" o trabalho da Promotoria, mas afirma que teve autorização de um juiz da Vara da Infância e da Juventude para atuar no palco durante os quase dez meses em que a peça, do autor alemão Frank Wedekind, esteve em cartaz entre Rio e São Paulo. A temporada terminou no dia 2 de maio.

"Não tem nada de pornografia (...) eu exibo meio seio direito. É uma cena rápida que fecha o primeiro ato", "é uma peça poética", "é o descobrimento do amor, não do sexo" e "continuo sendo a menina que sempre fui" são algumas das frases ditas por Malu Rodrigues - um recado para quem considera que o musical tenha infringido o artigo 240 do ECA, que considera crime quem "produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente". Não necessariamente o adolescente precisa estar nu para caracterizar a infração. A pena para quem for condenado pode chegar a oito anos de reclusão e multa.

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Leia a seguir a entrevista com a atriz

G1 – Olá, Malu, como você está?
Malu – Tudo bem. Estou indo para a aula de canto.

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G1 – Seu dia é muito corrido?
Malu – Então, tenho aula de canto, aula de teatro, e tudo o que precisar.

G1 – Você está em qual ano da escola?
Malu – Estou no segundo ano do ensino médio.

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G1 – Você estuda, mas quer mesmo é ser atriz, né?
Malu – É, com certeza.

G1 – Já trabalha há quanto tempo como atriz?
Malu – O primeiro trabalho foi na TV, quando eu tinha 2 anos. Foi o especial de dez anos da Xuxa. Também trabalhei nas novelas 'Pé na Jaca', na minissérie 'JK', 'Três Irmãs', em um longa do Renato Aragão, em alguns curtas e teatro.

G1 - Você canta há quanto tempo?
Malu – Eu canto já há oito anos.

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G1 - E agora o musical “O Despertar da Primavera” se tornou alvo da investigação do Ministério Público no RJ e em SP. O que você pensa disso?
Malu – Ah, assim, eu fico meio chateada, mas eu entendo. É o trabalho deles [promotores]. Eles têm todo o direito de fazer isso. E, enfim, quem dera eles conseguissem fazer isso não só comigo, mas com todas as crianças que têm problema, né? Que precisam de ajuda, né? Só um minuto, que estou descendo do táxi (ela começa a falar com o taxista. Quanto deu moço? R$ 12? Obrigada, viu?).

G1 – Você esperava que a peça provocasse tanta polêmica?
Malu – Na verdade não esperava, não. A gente fez tudo certinho. A gente fez tudo dentro da lei. O alvará me autorizou. Eu fui emancipada exatamente para isso, para poder viajar durante a peça ['O Despertar da Primavera']. Na verdade a ideia da emancipação foi minha, né? Não partiu do meu pai. Fui eu. Era uma peça que eu queria muito fazer. E quando eu vi o vídeo que a menina mostrava o seio, pensei: ‘Caramba! E agora, como vou dizer para o meu pai?’ Demorei um pouco para contar para o meu pai, mas quando mostrei o vídeo, ele amou, adorou. Não tem nada pornográfico, nada do que estão dizendo por aí. É o trabalho deles [promotores], eu entendo. É chato, mas eu entendo porque quem me dera eles pudessem fazer isso não só comigo, mas com outras crianças que realmente estão precisando [de ajuda], e adolescentes, enfim. Mas não é o meu caso. O meu caso fui eu que fiz. Não teve nada de pai que empurra o filho para trabalhar. Eu que quis, eu que corri atrás da emancipação porque era menor de idade. Eu que corri atrás das coisas para dizer para ele que eu queria muito fazer o musical. E assim, eu acho que essa promotora, Ana Lúcia [Melo, que pediu para Polícia Civil carioca investigar o caso], ela não deve ter visto o musical. Eu entendo a parte dela, é o trabalho dela. Enfim, ela vai com o que os outros dizem, com informações que ela tem. E eu gostaria que a peça tivesse em cartaz ainda para que ela pudesse assistir. E pudesse ver que não tem nada demais na cena. Ela é muito poética. Eu não posso falar nessa parte [da Justiça]. Só posso falar da parte artística, que é o que eu entendo. Não tem nada demais. É uma peça poética. É o descobrimento do amor, não do sexo. Eu sempre me senti muito protegida. Os diretores sempre me protegeram, me trataram sempre com muita delicadeza, muito cuidado

Continuo sendo a menina que sempre fui"Malu Rodriguesnessa cena. Então, não foi sacrifício fazer essa cena. Meu par romântico é uma pessoa incrível. Tem todo o contexto. Não é igual a uma foto de mulher pelada na Playboy. Tem toda uma poesia e contexto. Não é que eu chego lá e mostro o seio. E é o seguinte: eu nem tiro a roupa. Eu só mostro um dos meus seios. É tão rica a cena. É uma cena de amor. Música linda. Texto lindo. E todos [os outros atores] cantam muito bem. O cenário é lindo, a letra [da música] é linda. É tão delicado e tão poético. Tudo foi tratado com delicadeza e segurança. Fiquei chateada, não pelo que ela disse [a promotora afirmou que iria pedir à polícia para apurar a suspeita de a peça ter infringido o ECA], mas pelo que aconteceu. As pessoas julgaram por um outro lado. E eu não mudei nada. Continuo sendo a menina que sempre fui. Eu tenho 16 anos, ainda sou virgem. E não mudei nada. Continuo sendo a mesma menina. As pessoas que assisitriam nunca brincaram comigo. Sempre acharam a cena linda.

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G1 - Você convidou amigos para assistir à peça?
Malu – Com certeza, com certeza.

G1 – Você estuda num colégio de freiras? Mudou alguma coisa na escola?
Malu - Estudo num colégio de freiras. Ah, é normal. Não teve problema nenhum. Um dos meus professores foi assistir porque ele duvidava da minha vocação. Eu dei ingresso para ele assistir. Foi muito legal porque ele saiu com outra ideia minha ao ver a peça, porque ele achava que eu não deveria fazer teatro. Dei convite para ele. Meus amigos que odiavam musical foram assistir e voltaram outras vezes para assistir à peça. Então é um fenômeno, né? É difícil ter uma coisa para pré-adolescente. Normalmente os musicais são para adultos. É um musical do despertar do adolescente.

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G1 – Adolescência que você vivencia agora. Você já teve namorado?
Malu - Não, eu nunca tive namorado. Já beijei, mas nunca namorei. Eu me preocupo com minha carreira primeiro. Meu trabalho vem sempre em primeiro lugar depois da família. E sou apaixonada pelo que faço. Então eu fiquei um pouco chateada por isso, né? Psicologicamente não me atrapalha [ter feito a personagem que mostra o seio na peça]. O exemplo que dou são os adolescentes que dizem que queriam cantar como eu ou que queriam ser atores e dizer que pais não dão apoio. E exatamente como meu pai falou: 'acho que todos os pais deveriam assistir para ter diálogo com os filhos.'

G1 – E essa suspeita de que a peça feriu o ECA...
Malu – Não tem nada de pornografia. Totalmente descabido pensar que há suspeita de pornografia. Se eu ficasse nua a gente poderia considerar alguma coisa. Eu exibo meu seio direito. É uma cena rápida que fecha o primeiro ato.

G1 – Como é que a personagem chega nessa cena?
Malu – Ela começa perguntando para a mãe de onde os bebês vem. Ela conheceu o personagem e os dois se apaixonam. Descobrem o amor e ela descobre que ela está grávida, ela aborta e morre. Tomara que a peça volte.

G1 – Você tem autorização para atuar na peça?
Malu – Sim. Quem autorizou sabia que eu iria exibir o seio num contexto poético. No texto vem escrito que mostra o seio. Sou completamente apaixonada pela peça. A peça é linda de morrer. Fiquei oito meses respirando só isso para conseguir o papel que eu queria.

G1 – Com quantas pessoas você concorreu?
Malu – Com 500 pessoas concorri para ter esse personagem.

G1 – Quer deixar alguma mensagem ou recado?
Malu – Eu queria dizer para a sociedade que a peça não trata só de sexo, mas amor, homossexualidade. Fala de como homossexuais são maltratados. Retrata os problemas da adolescência. Incrível eles estarem falando da minha cena, que é a menos polêmica da peça. A cena, teoricamente, mais polêmica é a de um beijo gay. Eu não mudei nada por causa da peça. A gente se preocupa muito com o que os outros pensam. A Promotoria está certa em ver isso. Mas [os promotores] devem se preocupar também com as meninas menores de idade que se prostituem na rua.

G1 – Você se inspira em alguma atriz?
Malu – Sou apaixonada pela Nicole Kidman.

G1 - Voltaria a fazer alguma peça que tenha que mostrar alguma parte do corpo?
Malu – Com certeza, com certeza. Eu acho que eu nunca tiraria foto [nua]. Eu nunca posaria nua. Primeiro, que eu não sou modelo, entendeu? Segundo, que não tem contexto nenhum. Tem tanta gente que vai lá, tira foto nua. Legal. Mas, enfim, eu nunca faria filme pornô, nada disso. Se fosse uma questão de arte, uma questão poética, que tivesse uma essência poética, que tivesse todo um contexto atrás, eu ficaria nua sem problema nenhum quando adulta. Fora isso, nunca. Eu nunca iria me expor à toa.

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