Tão acostumada a receber as apresentações sempre marcantes do Sonic Youth, São Paulo viu uma faceta um pouco diferente de seu guitarrista, vocalista e compositor na noite desta quinta-feira (12). Por pouco mais de uma hora e meia, Thurston Moore usou violão, guitarra e voz – além da companhia de um trio – para fazer uma apresentação memorável no Cine Joia.
Em hiato indefinido desde que tocou pela última vez no fim de 2011 no festival brasileiro SWU, o Sonic Youth certamente deixou um punhado de órfãos quando anuciou a pausa. Entretanto, se o disco mais recente de Thurston Moore não consegue e nem tem a intenção de preencher as lacunas deixadas pelo grupo, seu show parece, de propósito ou não, cumprir o dever.
Ao vivo, as músicas de “Demolished thoughts” – um disco tranquilo e bonito, mais focado em composições acústicas – ganha uma potência completamente distinta do que é ouvido em estúdio. A beleza continua nas faixas, sim, mas de uma forma um bem diferente e mais vigorosa, sem medo de experimentar.
Thurston Moore é simpático à sua maneira, mas prefere deixar que o som dos instrumentos e os sentimentos causados por eles se comuniquem em seu lugar. No palco, o guitarrista toca ao lado de uma violinista, um baterista e outro guitarrista. Juntos, os quatro dão mais peso a canções como “Mina joy”, “Blood never lies”, “Orchand street” e “In silver rain with a paper key”.
A surpresa da apresentação fica por conta de “It’s only rock n’ roll (but I like it)”, cover de Rolling Stones que ganha uma roupagem completamente diferente da original, se aproximando mais às camadas sonoras que o Sonic Youth costumava mostrar no seu auge.
O show é longo e mistura momentos de doçura com muito barulho. É certo, o que – e como – foi apresentado no palco do Cine Joia nesta quinta-feira não é pra qualquer um e pode ter desagradado aos que gostaram especificamente da suavidade de “Demolished thoughs”. Os mais fanáticos no Sonic Youth, entretanto, provavelmente deixaram o local à 1h e pouco desta sexta-feira bem satisfeitos, esperando que a visita solo do músico seja a primeira de muitas.
Sonoridade noventista
Pouco antes, por volta das 22h, o cantor e compositor americano Kurt Vile, acompanhado pelo grupo The Violators, apresentou as músicas de seu trabalho mais recente. “Smoke ring for my halo”, que saiu em 2011, é apontado por muitos como o melhor disco de sua carreira.
O show do músico é às vezes parado e até arrastado, mas brilha nos momentos em que, mesmo de maneira tímida e contida, seu som explode. Com um pé nos anos 90 e outro no presente, a sonoridade de Kurt Vile é criativa e bela. Apesar de as canções em determinados momentos terem sido mostradas de forma um pouco fria, a apresentação definitivamente teve ótimos momentos. Não por acaso, Thurston Moore o escolheu para ser o artista de abertura em sua atual turnê.
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