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Viés negativo externo instiga queda do Ibovespa, apesar de IPCA e China

Queda das bolsas europeias e americanas puxam o Ibovespa para baixo, apesar do crescimento acima do esperado da balança comercial chinesa e do alívio no IPCA em maio. Este cenário, se confirmado, levará o índice para uma série de cinco pregões seguidos de

Maria Regina Silva (via Agência Estado)

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Escrito por Maria Regina Silva (via Agência Estado)
Publicado em 09.06.2022, 11:40:00 Editado em 09.06.2022, 11:47:22
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Queda das bolsas europeias e americanas puxam o Ibovespa para baixo, apesar do crescimento acima do esperado da balança comercial chinesa e do alívio no IPCA em maio. Este cenário, se confirmado, levará o índice para uma série de cinco pregões seguidos de baixa.

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"O exterior está muito mais frágil", observa Jayme Carvalho, economista e planejador financeiro CFP pela Planejar, lembrando que, por aqui, o movimento dos juros e IPCA de maio menor que o esperado mostram que o Brasil está em outro momento. No entanto, reforça, o externo parece predominar sobre o índice Bovespa.

Conforme Carvalho, diferente de outros momentos, desta vez os problemas internos são importados. "Claro que ainda temos as questões políticas que trazem insegurança e dúvida fiscal, que cairão no colo do próximo presidente da República", avalia.

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Além disso, indícios de reajuste de aumento nos preços dos combustíveis pela Petrobras, em meio à escalada do petróleo acima de US$ 120 por barril, ficam no radar. Ainda que este indício resulte em valorização dos papéis da Petrobras - hoje os ações estão voláteis, alterando leve alta com moderado recuo -, dada a indicação de manutenção de sua política de Preço de Paridade Internacional (PPI), é mais pressão sobre a inflação, sobre o Copom, que se reúne na semana que vem.

"Dificilmente mudarão a política de preços da noite para o dia. A estatal está amparada no estatuto", avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Apesar da moderação das commodities hoje - petróleo alterna módica alta com leve declínio, ao passo que o minério de ferro caiu em torno de 1% na China -, o cenário não deve aliviar. "Diante da continuidade dos problemas neste mercado e da chegada de um período sazonalmente desfavorável ao balanço de oferta e demanda, a perspectiva é que os preços sigam pressionados", avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em relatório.

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De um lado, um eventual aumento nos preços dos combustíveis pela Petrobras em linha com o mercado internacional, seria bom para a companhia, mas ruim para a inflação, "principalmente para a população mais carente, de baixa renda", avalia Carvalho, da Planejar.

Além disso, a decisão do Banco Central Europeu (BCE), de acabar com as compras de ativos, reforça a preocupação em relação ao quadro elevado inflacionário que se defronta com um cenário de enfraquecimento da atividade mundial.

Neste sentido, mesmo o crescimento do superávit comercial chinês para US$ 78,8 bilhões, superior ao esperado, pode ser insuficiente para empolgar os investidores. Isso porque autoridades da China anunciaram mais restrições pontuais hoje em algumas áreas do país e a melhora da balança chinesa pode ser temporária.

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Como avalia a MCM Consultores, a demanda reprimida dos últimos meses por produtos chineses deve sustentar o ritmo forte de suas vendas nos próximos meses. Entretanto, pondera em nota que fica a incerteza quanto à durabilidade desse movimento.

"Em primeiro lugar, por conta da tendência de deslocamento da demanda de bens para serviços e pelo cenário de menor crescimento nos EUA devido ao aperto da política monetária."

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No Brasil, mais um sinal de desaceleração da inflação. O IPCA fechou maio com alta de 0,47% (mediana: 0,60%), após 1,62% em abril, com o acumulado em 12 meses indo a 11,73%, depois de 12,13% até abril. "Desacelerou e reduziu o acumulado dos últimos 12 meses. Começamos a ver de fato o pico da inflação no Brasil", avalia o estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua. A questão agora, avalia, é ver como ficará a segunda metade do ano, diante dos efeitos de um cenário de juros mais altos. No entanto, "é importante ressaltar que o nosso Banco Central deu um passo importante, foi o primeiro a começar a subir juros."

Além disso, o alívio pode ficar em segundo plano, dado o sinal da Petrobras, ontem, de que o preço dos combustíveis - em especial, o do diesel - segue uma tendência de elevação e assim continuará, o que indicaria que as medidas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro para conter a alta do produto nas bombas, como a isenção de impostos federais e o pagamento de ICMS zerado pelos Estados, poderão não ter o efeito esperado.

Em uma nota com "esclarecimento da Petrobras sobre a prática de preços de mercado", a petroleira afirma que "não há fundamentos que indiquem a melhora do balanço global e o recuo estrutural das cotações internacionais de referência para o óleo diesel".

Na quarta-feira, o Ibovespa fechou com recuo de 1,55%, se afastando da marca dos 110 mil pontos, descendo para o nível dos 108 mil pontos, ao terminar em 108.367,67 pontos.

O índice Bovespa "está indefinido no curto prazo e encontrará suportes em 108.300, 107.300 e 105.700 pontos", como definiu em nota na véspera o Itaú BBA.

Às 11h22 desta quinta-feira, 9, o Ibovespa caía 0,10%, aos 108.254,93 pontos, após mínima diária aos 107.295,48 pontos (-0,99%) e máxima intradia aos 108.510,31 pontos (alta de 0,13%).

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