A vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Lael Brainard, reiterou, nesta quinta-feira, que a inflação nos Estados Unidos segue "muito alta" e avisou que ainda deve demorar algum tempo até que os índices de preços voltem à meta de 2%.
Para acelerar o processo, Lael Brainard defendeu que a instituição deve manter a política monetária em território restritivo por um prazo ainda indeterminado.
Segundo ela, após subir juros em 75 pontos-base em algumas reuniões, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) diminuiu o ritmo de alta a 50 pontos-base em dezembro.
"Isso nos permitirá avaliar mais dados à medida que aproximamos a taxa básica de juros a um nível suficientemente restritivo, levando em consideração os riscos em torno de nossas metas de mandato duplo", disse Lael, em evento na Universidade de Chicago.
Pressão sobre a atividade
A vice-presidente do Federal Reserve projetou também que a pressão da política monetária sobre o crescimento econômico dos Estados Unidos deve aumentar este ano. Ela explicou que a transmissão do aperto monetário aos indicadores macroeconômicos tende a acontecer com certo atraso.
"É provável que o efeito total sobre a demanda, o emprego e a inflação do aperto cumulativo ainda esteja por vir", disse Lael Brainard.
A dirigente explicou que, no inicio do ciclo de alta de juros, o Fed teve que agir de forma agressiva para demonstrar que estava determinado a conter a escalada inflacionário. No entanto, à medida que o processo progrediu, o BC norte-americano enfrenta riscos maiores nos dois lados do mandato duplo, isto é, estabilidade de preços e mercado de trabalho.
Desinflação
A vice-presidente do Federal Reserve afirmou ainda que a moderação da economia pode ajudar a intensificar o processo de desinflação nos EUA. No entanto, a dirigente reconheceu que as incertezas são elevadas.
"A inflação tem diminuído ao longo dos últimos meses, num contexto de crescimento moderado", disse ela, no discurso na Universidade de Chicago.
Restrições chinesas
Lael Brainard alertou que o rápido relaxamento das restrições contra a covid-19 na China deve afetar a atividade econômica global. "Há incerteza sobre as implicações da saída da China da política zero-covid para a demanda global e a inflação, especialmente em commodities", explicou.
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