Acompanhando manifestações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e de membros da cúpula, o diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Mauricio Moura, deu apoio à pauta de valorização da carreira dos funcionários do BC em live semanal da autarquia. "Valorizar carreiras do BC é manter a atratividade e reter pessoas capazes de dar retorno à sociedade", disse, na conversa virtual sobre o tema golpes e fraudes.
A temperatura no BC voltou a aumentar após o governo publicar um decreto para regulamentar o bônus de eficiência dos servidores da Receita Federal, gerando reclamações de assimetria de tratamento entre carreiras congêneres. Há também um pedido já protocolado pelo BC de concurso para 545 vagas.
Após a maior greve da história do BC no ano passado, com duração de três meses, o então governo Jair Bolsonaro prometeu dar andamento à pauta não salarial da categoria, o que incluía um bônus de produtividade, como o da Receita. Mas, até agora, não houve avanço. Desde a semana passada, a categoria tem realizado paralisações parciais às terças e quintas.
Nesta segunda-feira, Moura, servidor do órgão, comentou a mobilização dos servidores diante de forte protesto da categoria durante a live semanal, com centenas de comentários pedindo valorização da carreira e reclamando da postura da diretoria colegiada. Na semana passada, os servidores já tinham usado o tempo da live para manifestar a insatisfação com o que consideram um tratamento assimétrico em relação a outras categorias do serviço público.
O diretor do BC, em resposta, citou que as atribuições do BC têm crescido e deu destaque às entregas que o BC fez à sociedade nos últimos anos, como o Pix e o Sistema de Valores a Receber, que permite a devolução de recursos "esquecidos" nos bancos.
"Para continuarmos desenvolvendo esses produtos e serviços e ainda muito mais, precisamos de pessoas excelentes e motivadas. Se perdermos nossos talentos para outras carreiras do serviço público por conta de assimetrias ou se não atrairmos nos próximos concursos, a produtividade do BC vai cair e quem vai perder no final é o cidadão."
A live já começou com diversos comentários pedindo a valorização da carreira pelo BC, a criação de bônus de produtividade no órgão, similar ao que deve ser regulamentado na Receita Federal, e a exigência de nível superior para os técnicos, duas demandas da greve do ano passado.
"Conto do vigário foi aplicado ao BACEN. Estamos sendo enganados desde o ano passado", disse um dos usuários. "Ser enganado achando que você estava entrando numa carreira importante é um tipo de golpe?", questionou outro em referência ao tema da live semanal.
"Técnicos e Analistas do BC já dividem as mesmas atribuições em muitas áreas, #ReconheBC, #valorizaBC, Nível Superior para os técnicos do BC! #reestruturaçãoJá", pontuou outro servidor do BC.
Mesmo depois da manifestação de Moura na live, alguns continuaram reclamando, enquanto outros agradeceram pelo diretor ter dado atenção ao tema. "Alguma perspectiva concreta? Não, né? Só mais promessas", disse um deles.
Sem vitórias significativas depois da maior greve da história no BC, os servidores demonstraram bastante insatisfação com o presidente do órgão, Roberto Campos Neto.
Diante da nova força do movimento, Campos Neto e a diretoria colegiada têm dado mais demonstrações de apoio público à pauta do corpo funcional da autarquia, mas, nos bastidores, a atuação é vista mais como um "jogo de cena" do que um esforço real para batalhar por melhorias para a categoria.
Na semana retrasada, o presidente do BC se reuniu com a ministra de Gestão, Esther Dweck, para tratar sobre a pauta de reestruturação de carreira do BC e da retribuição de produtividade, em que houve relatos sobre a deterioração do clima interno após o decreto para regulamentar o bônus da receita. Comentaram ainda sobre o concurso. Dweck teria pedido, segundo relatos da reunião, a análise dos pleitos do BC por sua equipe.
Contato: thais.barcellos@estadao.com
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