A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly, comentou nesta segunda-feira, 24, que a trajetória da inflação dos EUA não oferece confiança para o banco central sobre uma tendência "sustentável" de queda dos preços. "Inflação ainda está bem elevada", observou, em evento do Commonwealth Club. "Fizemos muito progresso, mas ainda há trabalho a fazer para alcançar meta de 2%."
Daly avaliou que há uma normalização da cadeia de oferta e da participação do mercado de trabalho, que contribuíram para a queda da inflação até o momento. No entanto, a dirigente apontou que a restrição da demanda deve ser crucial para o processo de desinflação a partir de agora, considerando que esse é o principal catalisador dos preços domésticos nos EUA desde o segundo semestre de 2023.
A presidente do Fed de São Francisco notou que, por exemplo, o aumento modesto da taxa de desemprego desacelerou a demanda, sem prejudicar o mercado de trabalho. Para os próximos meses, Daly espera um arrefecimento também dos gastos com consumo, diante do esgotamento do excesso de poupanças e enfraquecimento do emprego.
Questionada sobre os riscos para a economia, a dirigente apontou que não há indícios de estagflação ou de recessão nos EUA. Daly acrescentou que não vê um "ciclo vicioso de alta dos preços ou espiral de salários", como observado nos anos 1970, e que as expectativas de inflação de longo prazo americanas seguem ancoradas.
"Precisamos continuar nosso trabalho para restaurar a estabilidade de preços sem prejudicar a economia", concluiu Daly, que vota nas decisões monetárias deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).
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