As crescentes preocupações com a guerra no Oriente Médio após a explosão de um hospital na Faixa de Gaza ontem. Nesta quarta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, está em Israel para tentar apaziguar a situação, mas há grande incerteza. Neste cenário, as bolsas caem, o dólar, o petróleo e os rendimentos dos títulos dos Estados Unidos sobem. O Ibovespa já cai para o nível dos 114 mil pontos, após abrir aos 115.907,04 pontos, voltando a ceder na semana.
A desvalorização do Índice Bovespa supera o recuo dos indicadores de ações em Nova York. A queda interna é puxada principalmente pelas ações do setor de metais, em meio a dúvidas sobre o ritmo de crescimento da China. "Via de regra, hoje deveria ter um fôlego após a queda de ontem, mas não é isso que vemos", cita Caritsa Moreira, analista da VG Research.
Ontem, o Ibovespa encerrou em baixa de 0,54%, aos 115.908,43 pontos. Segundo o economista Álvaro Bandeira, seria importante o Índice Bovespa superar a marca dos 117 mil pontos para indicar recuperação, mas dados da Vale e da China dificultam.
Na terça-feira, a Vale informou que sua produção de minério de ferro caiu 4% no terceiro trimestre em relação a igual período de 2022, alcançando 86,24 milhões de toneladas. Já as vendas cresceram 6,6% ante igual período do ano passado.
"As ações da Vale caem quase 2,70% após a divulgação dos dados operacionais da empresa, antes de o balanço do terceiro trimestre. Isso dá uma certa mostra. E por mais que o PIB da China tenha superado, cresceu menos do que antes, e houve queda nas vendas de moradias do país", destaca Caritsa, da VG Research.
Ao mesmo tempo, dados com resultados divergentes na Europa e na China elevam a cautela. Na zona do euro, o índice de preços ao consumidor (CPI) desacelerou em setembro, enquanto no Reino Unido subiu, contrariando expectativas de arrefecimento. Já as vendas de moradias chinesas caíram entre janeiro e setembro, indicando piora no mercado imobiliário. Ao mesmo tempo, o minério de ferro cedeu 0,40% em Dalian.
As bolsas da Ásia fecharam com sinais destoantes. "Novamente os mercados estão instáveis e com viés negativo basicamente por conta da agenda econômica", diz o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário matinal, ao referir-se as dados europeus e chineses informados hoje.
No Brasil, as vendas do varejo no conceito restrito caíram 0,2% em setembro ante julho, ficando menos negativas do que a mediana de queda de 0,8%. Já as vendas ampliadas cederam 1,3% na margem, ante mediana de declínio de 0,8%.
Na avaliação da economista-chefe do TC, Marianna Costa, o dado aberto da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) mostra vendas melhores de combustíveis e lubrificantes e também de hipermercados. "No entanto mostra queda relevante das vendas de vestuário e outros artigos pessoais. O dado vai em linha com um comportamento do PIB no terceiro trimestre perto da estabilidade", avalia em relatório.
Além de falas de membros do Fed e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, os investidores ainda avaliam dados elevados do setor imobiliário dos Estados Unidos, um dia após as vendas no varejo do país que surpreenderam para cima. Na ocasião, lembra Marianna, do TC, pressionaram a curva de juros, "ratificando o cenário onde os juros básicos devem ficar altos por um tempo longo e nesse sentido pressionando todas as outras taxas de juros ao redor do mundo."
Às 11h21, o Ibovespa caía 0,74%, aos 115.048,78 pontos, ante mínima aos 114.833,71 pontos (-0,93%). Petrobras subia 1,46% (PN) e 1,67% (ON), seguindo o petróleo. Já Vale ON caía 2,64%. Com isso, o Ibovespa volta a cair na semana (-0,66%), depois de subir 0,13% até o fechamento de ontem no período.
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