A incorporadora paulistana Tecnisa encerrou o primeiro trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 4,1 milhões, o que representa uma reversão frente ao prejuízo de R$ 7 milhões registrado nos mesmos meses de 2022, conforme balanço publicado nesta quinta-feira, 11. Este foi o terceiro balanço consecutivo da Tecnisa no azul, após quase sete anos no vermelho.
A melhora nos resultados se deve ao retorno dos lançamentos imobiliários e, consequentemente, das vendas, proporcionando crescimento da receita. Em paralelo, houve redução em diversas linhas de despesas, o que levou a uma recuperação da margem.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia chegou a R$ 25,6 milhões, montante 2,5 vezes maior na mesma base de comparação anual. A margem do Ebitda ajustado recuou 3,5 pontos porcentuais, para 18,3%.
A receita líquida totalizou R$ 139,7 milhões, o triplo do mesmo período do ano anterior. O avanço da receita está relacionado ao aumento dos lançamentos e das vendas nos trimestres anteriores, bem como evolução das obras. Vale lembrar que no setor de construção a receita é contabilizada de modo proporcional ao andamento das obras.
A margem bruta ajustada cresceu 10,8 pontos porcentuais, para 29,6%.
Os custos dos imóveis vendidos subiram 161%, para R$ 110,9 milhões, em função do maior volume de projetos e obras. Os gastos com terrenos representaram 51% deste montante, enquanto as despesas com obras, 31%. As despesas comerciais aumentaram 27,8%, para R$ 7,5 milhões, também devido ao maior volume de vendas.
As despesas gerais e administrativas tiveram redução de 6%, para R$ 13 milhões. "A redução nas linhas das despesas administrativas é resultado dos esforços de otimização da estrutura administrativa", afirmou a companhia em sua apresentação de resultados.
A empresa reportou ainda um resultado de zero na linha de outras receitas e despesas, enquanto um ano antes teve despesa de R$ 3 milhões.
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa líquida de R$ 1,8 milhão, montante 77,2% menor na comparação anual.
A Tecnisa chegou ao fim do primeiro trimestre de 2023 com dívida líquida de R$ 464 milhões, um aumento de 18,7% na mesma base de comparação anual. Nesse período, a alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) subiu 16 pontos porcentuais, para 74,1%.
A companhia tinha, no fim de março, R$ 194,8 milhões em caixa e disponibilidades, enquanto as dívidas com vencimento no curto prazo são de R$ 77 milhões. A Tecnisa teve consumo de caixa de R$ 21 milhões no primeiro trimestre.
Parte operacional
A Tecnisa não realizou lançamentos no primeiro trimestre, em linha com o planejado, e informou que está desenvolvendo novos projetos com a sua carteira de terrenos, enquanto acompanha os trâmites relacionados ao leilão de Cepacs da Operação Urbana da Água Branca - os títulos são necessários para a companhia dar vazão aos seus projetos na região.
As vendas líquidas cresceram 63%, para R$ 114 milhões, sustentadas pelos projetos lançados em trimestres anteriores. O Jardim das Perdizes respondeu por cerca de 40% do volume de vendas.
O presidente da Tecnisa, Fernando Perez, afirmou, na apresentação de resultados, que o primeiro trimestre foi marcado por um ambiente macroeconômico instável, com esforços para controle da inflação ao redor do mundo e no Brasil. Ele lembrou que o Banco Central manteve a taxa de juros em um patamar alto, tornando o cenário mais desafiador para as vendas de imóveis, com custo de capital elevado.
"A companhia tem ciência deste cenário e vem atuando com cautela na execução de sua estratégia sem perder de vista o compromisso de continuar melhorando seus indicadores financeiros e operacionais", afirmou Peres.
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