Os juros futuros estiveram em alta firme ao longo de toda a terça-feira, 28, devolvendo parte do alívio nos prêmios de risco exibido ontem. O mercado aguardou com certa apreensão o detalhamento da nova modelagem para a reoneração dos combustíveis. As explicações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vieram faltando poucos minutos para o fim da sessão e a reação da curva foi negativa, com parte das taxas renovando máximas, com comentários dele a respeito do Copom e da Selic. Outro destaque do dia foi a oferta atipicamente elevada no leilão de NTN-B, vendida integralmente, que também ajudou a puxar as taxas para cima. No balanço do mês, a curva fecha fevereiro com aumento da inclinação, refletindo especialmente a piora do ambiente externo e dúvidas sobre o cenário fiscal.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,37%, de 13,34% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,68%, de 12,59% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 12,81% para 12,97%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 13,34%, de 13,14%.
Na entrevista coletiva de Haddad, a parte relacionada à estruturação da reoneração em si acabou ficando em segundo plano e o que mais chamou a atenção foram as declarações relacionadas ao Banco Central. O ministro disse que a Selic em 13,75% é "insustentável" e que o BC teria dito que a reoneração era condição para redução das taxas de juros. "Esperamos que o BC reaja da maneira prevista na ata do Copom", cobrou.
As palavras foram lidas como tentativa de ingerência no trabalho do BC, num momento em que o mercado acreditava que a pressão sobre a autoridade monetária estava restrita ao presidente Lula e a integrantes do PT no governo. "A fala soa como o governo se metendo mais uma vez na política monetária", diz uma economista.
Ao longo do dia, a expectativa pela entrevista gerou bastante cautela, puxando as taxas para cima. "Tivemos um 'payback' de ontem basicamente pelas dúvidas sobre como será feita a reoneração dos combustíveis", afirmou o economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel.
A Petrobras anunciou hoje redução nos preços da gasolina e do diesel, mas com pouco impacto sobre a curva, dada a cautela sobre qual seria o arranjo desdenhado para a volta da tributação de maneira a não pressionar inflação e manter a arrecadação de R$ 28,9 bilhões. A queda foi de R$ 0,13 para o litro da gasolina e de R$ 0,08 para o diesel. O recuo dos preços estaria respaldado na política de Paridade de Preços de Importação (PPI), uma vez que os preços internos estão acima dos praticados no mercado internacional. Mas, como segundo Haddad, a reoneração da gasolina será de R$ 0,47 o saldo líquido para a gasolina - que é o que importa para o IPCA - é de R$ 0,34. O aumento mantém o diferencial das alíquotas entre os dois combustíveis vigentes em 15 de maio de 2021, como previa a lei que garantiu a zeragem dos impostos no ano passado.
No leilão do Tesouro, foi vendida integralmente a oferta de 1,75 milhão de NTN-B, com risco em DV01 de US$ 1,265 milhão, muito acima dos US$ 260 mil da operação do dia 14, quando foram vendida 633.750 NTN-B, da oferta de 800 mil. Nas mesas de renda fixa, profissionais acreditam ter havido uma demanda específica para justificar o tamanho do lote, num momento em que o Tesouro tem encontrado dificuldades para emitir.
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