Os juros futuros sustentaram-se em baixa ante os ajustes anteriores durante toda a sessão desta quarta, 2, amparado pela decisão da Moody's de elevar a nota de crédito do Brasil, que ontem no fim da tarde já produzia impacto no mercado. O anúncio da agência ajudou a blindar a curva do contágio da alta dos rendimentos dos Treasuries e de outros elementos que tornam o cenário externo de momento mais cauteloso, como as tensões no Oriente Médio.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 12,20%, de 12,26% (ajuste). A do DI para janeiro de 2027 caiu a 12,25%, de 12,32% no ajuste. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 12,34% (de 12,40%).
A Moody's elevou a nota soberana de Ba1 para Ba2, a apenas um nível do grau de investimento, o que poderá ser alcançado ainda durante o governo Lula na medida em que a perspectiva positiva foi mantida. Era a deixa que o mercado esperava para reduzir um pouco dos prêmios elevados da curva vindos principalmente das preocupações fiscais e seus efeitos sobre a política monetária.
A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, afirma que o "efeito Moody's" ajuda a reduzir a pressão vinda do ambiente externo, mas pondera que a decisão tem impacto mais sobre o fluxo e preços de ativos do que sobre a percepção negativa, especialmente dos agentes domésticos, para a área fiscal. "É mais um movimento de mercado mesmo. Não muda nossa visão sobre as contas públicas. Os players estrangeiros têm uma visão diferente dos locais", afirmou.
De maneira geral, a elevação da nota foi considerada surpreendente diante do pessimismo que prevalece entre os economistas com a questão fiscal, sobretudo sobre a trajetória da dívida.
Assim, a decisão acabou servindo mais como respiro para os mercados do que como um fator de alívio perene, até porque a semana ainda tem o payroll de setembro nos EUA na sexta-feira e os riscos geopolíticos seguem presentes.
Hoje, a criação de vagas no setor privado em setembro acima do esperado, trazida pela pesquisa ADP, e declarações mais conservadoras do presidente do Federal Reserve de Richmond, Tom Barkin, sustentaram os yields dos Treasuries em alta. Os desdobramentos do ataque do Irã contra Israel também recomendam cautela nos movimentos de mercado, especialmente pelos efeitos nas commodities.
A agenda do dia teve como destaque a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), mas sem fazer preço nos ativos. A alta de 0,1% na produção em agosto ante julho coincidiu com a mediana das estimativas e não gerou reprecificação nas apostas para a Selic.
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