Os juros futuros fecharam perto da estabilidade, com viés de alta nas taxas curtas e de baixa nas longas, a despeito da agenda de indicadores movimentada e noticiário intenso do dia. Os longos se alinharam ao comportamento dos rendimentos dos Treasuries, que refletiram a melhora na percepção sobre a política monetária do Federal Reserve. O exterior acabou se sobrepondo, no caso dos juros, ao desconforto gerado pela mudança no comando da Petrobras. Nos curtos, o mercado continuou digerindo os argumentos do Copom sobre a divisão dos votos que voltaram a permear hoje falas dos dirigentes do Banco Central.
No fechamento, a taxa de contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,34%, de 10,33% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 10,57%, de 10,56%. A taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 10,88%, de 10,90% ontem. O DI para janeiro de 2029 projetava taxa de 11,36% (11,39% ontem).
Enquanto a ideia de que a Selic tem pouco espaço adicional de queda limitou a oscilação das taxas curtas, as longas cederam com a melhora no apetite ao risco vinda do mercado externo. Os yields dos Treasuries recuaram, com o mercado elevando as chances de queda dos juros nos EUA até setembro, após os dados da inflação ao consumidor em abril em linha com o esperado e leitura favorável dos preços de abertura, além de dados das vendas do varejo mais fraco. No horário acima, a taxa da T-Note de dez anos, referência para a curva local, cedia a 4,341%.
A precificação da curva, por volta das 16 horas, para o Copom de junho apontava apenas 32% de probabilidade de queda de 25 pontos-base da Selic contra 68% de chance de manutenção do nível de 10,50%, que também é a taxa projetada na curva para o fim de 2024. Os cálculos são de Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, para quem indicadores mais fracos da economia americana devem colaborar para uma maior convergência de opiniões no próximo Copom, permitindo um novo corte de 25 pontos-base.
Com votos divergentes na reunião de maio, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, em suas participações em eventos nesta manhã, procuraram mostrar alinhamento nos discursos, após os ruídos gerados pela votação dividida e a entrevista do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Picchetti, ontem. Ao comentar declarações de Campos Neto a investidores, em meados de abril, sobre eventual mudança no forward guidance do Copom, Picchetti afirmou que o comitê deve "priorizar mecanismos oficiais de comunicação" que resultam "de conversas entre os membros do conselho".
Hoje, Campos Neto e Galípolo reforçaram o objetivo de perseguir a meta de inflação de 3%. "O debate de política monetária não deveria falar de centro e banda, nossa meta é 3% e deveríamos perseguí-la", afirmou Campos Neto, na abertura da Conferência Anual do Banco Central, em Brasília. Em Nova York, Galípolo disse que queria "fazer coro à fala de Campos Neto sobre como funciona arranjo de política monetária", numa potencial tentativa de esvaziar narrativas de um racha no comitê. "Meta não se discute, persegue-se."
Já a troca de comando na Petrobras, com forte reação negativa das ações, foi um evento de impacto mais neutro para a curva de juros. "Por um lado, representa um maior alinhamento da política de preços ao que deseja o governo, mas de outro também a percepção de ingerência política na estatal", afirmou Rostagno, lembrando que ainda não há detalhes sobre como deve ser a linha de ação da engenheira Magda Chambriard, indicada para assumir a presidência da estatal no lugar de Jean Paul Prates.
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