Os juros futuros deram sequência ao ajuste em baixa iniciado nesta segunda, 7, numa sessão de agenda esvaziada tanto no Brasil quanto no exterior, o que levou o mercado a concentrar as atenções na sabatina de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central indicado para presidir a instituição a partir de 2025. O nome do economista foi aprovado por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e, no crivo do plenário, por 66 votos a 5. A queda das taxas se deu mesmo com o avanço do dólar, em meio ao tombo das commodities.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu de 12,33% para 12,27% (mínima) e a do DI para janeiro de 2027, de 12,37% para 12,32%. A taxa do DI para janeiro de 2029 cedeu a 12,34%, de 12,39%.
A queda nos níveis de inclinação nesta terça-feira, 8, reflete, em boa medida, a maior confiança do mercado de que o Banco Central não hesitará em endurecer a política monetária no curto prazo para trazer a inflação para a meta, o que em tese aumenta as chances de que no futuro haja espaço para um alívio da Selic, hoje em 10,75%. Em boa medida, esse sentimento foi reforçado pela postura firme mostrada por Galípolo na CAE.
"Hoje é um dia completamente sem agenda e o Galípolo deixou o mercado tranquilo", resume a economista da B.Side Investimentos, Helena Veronese. Na sabatina, Gabriel Galípolo falou o que o mercado queria ouvir para dissipar eventuais desconfianças em torno de sua atuação geradas pelo fato de ter sido indicado pelo presidente Lula, crítico do atual nível da Selic. Ele reafirmou que ouviu do presidente a garantia da liberdade na tomada de decisões e que se um dia houver pressão do Palácio do Planalto sobre como coordenar a política monetária, terá coragem para conduzir a Selic de acordo com critérios técnicos. Voltou a afirmar também que cabe ao BC colocar o juro em nível restritivo pelo tempo necessário para atingir meta.
Entre os economistas, a percepção é de que a postura "hawkish" deve ser testada depois de Galípolo de fato assumir o BC a partir do ano que vem, quando as peças do xadrez eleitoral de 2026 devem começar a ser movidas. "Galípolo deixou claro que a relação com o atual governo não será de afastamento e/ou isolamento", destaca a equipe da Warren Rena, para quem, contudo, a independência na tomada das decisões foi a tônica da sabatina.
Vale destacar que o governo ainda precisa indicar nomes para três diretorias do BC até o fim do ano.
O sócio e estrategista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, mostra ceticismo com a sustentabilidade do alívio visto na curva desde ontem, ainda que concorde que as taxas acima de 12% estariam "esticadas". "Mas também não tem fluxo nem gatilho consistente dos traders de apostarem na queda rápida e solução fácil para a inflação. Uma atuação menos flexível do Federal Reserve implica maior necessidade de elevação dos juros no Brasil, pois o ritmo da atividade já surpreendeu no terceiro trimestre em nossa avaliação, que deve ser confirmado com os números oficiais do PIB até o final deste ano", avalia.
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