Os juros futuros fecharam a terça-feira com taxas perto da estabilidade, operando sob volatilidade no período da tarde, após o sinal de queda moderada prevalecer ao longo da manhã. O aumento da cautela coincidiu com a migração dos rendimentos dos Treasuries de queda para estabilidade, também na segunda etapa. Sem agenda ou noticiário relevantes, o mercado de juros não teve motivação para esticar o movimento de correção em baixa de ontem, dado o cenário fiscal preocupante, mas por outro lado, os prêmios são considerados muito esticados, o que desencoraja apostas numa deterioração adicional do cenário.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 12,69%, de 12,68% ontem mo ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 ficou estável em 12,85%. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 12,85%, de 12,89% ontem no ajuste.
Pela manhã, o alívio nos Treasuries e a arrecadação de setembro acima do esperado deram algum fôlego para o mercado continuar corrigindo excessos, mas no fim da primeira etapa houve maior volatilidade na curva americana, o que acabou contaminando os negócios por aqui. "O mercado hoje andou de lado, sem querer tomar direção firme, com os Treasuries no ramerrame, e apesar do mercado global forte de commodities", avaliou economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
Preços do petróleo e grãos estiveram em alta nesta terça-feira, mas a curva de juros resistiu ao contágio. "O ambiente global hoje foi mais inflacionário, mas esse DI para janeiro de 2026 em 12,69% já indica uma precificação de Selic compatível para combater a inflação", disse Sanchez, para quem a assimetria altista no mercado de juros se esgotou com as taxas longas perto de 13%. "Comprar nesses níveis é uma realidade insustentável, mas também com esse cenário fiscal ninguém vai querer se expor", completou.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou hoje a afirmar que todas as quedas sustentáveis de juros no Brasil estiveram relacionadas a choques fiscais positivos. Ele concedeu entrevista à rede americana CNBC. "É muito difícil imaginar uma situação em que, partindo de agora, nós somos capazes de ter juros muito menores do que hoje, a menos que nós sejamos capazes, de alguma forma, de produzir um choque positivo no lado fiscal", afirmou.
De maneira geral, o investidor tem evitado a montagem de posições antes da definição da agenda de revisão de gastos e o que destas propostas será aprovado pelo presidente Lula. Em Washington, o ministro Fernando Haddad disse que ainda terá reuniões com outros ministros e com o presidente sobre o programa de corte de despesas. Questionado sobre as medidas, ele não quis antecipar detalhes.
"O governo precisa rapidamente reagir com um ajuste fiscal convincente de cortes, pois as medianas do IPCA de 2024 e 2025 ainda subirão mais, da mesma forma, que a reprecificação do dólar médio", afirmou o economista-chefe e sócio da Equador Investimentos, Eduardo Velho.
Na agenda econômica do dia, a Receita informou que a arrecadação de setembro somou R$ 203,1 bilhões, não apenas superando a mediana das estimativas do mercado, de R$ 201,5 bilhões, como batendo recorde da série histórica para o mês.
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