Os juros futuros fecharam a sessão desta quinta-feira, 24, em baixa, na contramão do avanço do dólar e dos retornos dos Treasuries. A sessão até começou com pressão de alta sobre a curva, atribuída a questões técnicas e ajustes pré-leilão do Tesouro, mas que logo perdeu força, passada a operação. Num dia sem agenda relevante, o pano de fundo para o bom desempenho do mercado continua sendo a melhora da percepção de risco político e fiscal após a aprovação do arcabouço na Câmara, que desencadeou uma correção da escalada recente das taxas. As curtas oscilaram perto dos ajustes anteriores, com o mercado à espera do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) na sexta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,390%, menor desde 7/4/2022 (12,125%), de 12,396% no ajuste de quarta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 10,43% para 10,40%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,16%, de 10,20%, e a do DI para janeiro de 2029 caiu de 10,70% para 10,68%.
As taxas começaram o dia em alta moderada, alinhadas à tendência vista na curva norte-americana e com o mercado corrigindo parte do rali da quarta-feira, em meio ainda a ajustes para o que poderia ser a oferta do Tesouro em prefixados. Mesmo num ambiente até então de pouco apetite pelo risco, a instituição conseguiu colocar um bom lote de papéis, vendidos integralmente. Após o leilão, os DIs zeraram a alta e passaram a rondar a estabilidade, apesar da manutenção da pressão sobre os Treasuries e sobre o câmbio, com os investidores se desfazendo de posições de hedge no derivativo.
O estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal explica que, pela manhã, além das posições montadas para o leilão, é natural que depois da expressiva queda de quarta-feira o mercado comece o dia realizando um pouco dos lucros. Passado o ajuste mais técnico, voltou a prevalecer o alívio vindo do cenário político e fiscal.
"Parece que os ruídos entre Legislativo e Executivo foram amenizados e a Câmara mostra preocupação com a área fiscal", afirma Leal, referindo-se aos ajustes feitos pela Casa no texto que veio do Senado.
Embora a aprovação do texto na Câmara tenha sido bem recebida, especialistas mantêm ressalvas sobre a capacidade do governo arrecadar o necessário para o cumprimento das metas de primário estipuladas no novo marco fiscal, em especial a de zerar o déficit em 2024.
Por isso, as taxas renovaram mínimas ao longo da tarde na esteira das estimativas traçadas pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), visto como bastante próximo do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Ele calcula que o pacote de medidas saneadoras da equipe econômica pode ultrapassar em 2024 os R$ 150 bilhões de receitas extras previstas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para cumprir a meta de déficit zero no ano que vem.
Nos cálculos divulgados nesta quinta pelo parlamentar, a arrecadação extra pode chegar até R$ 205 bilhões no ano que vem, considerando a possível retomada do voto de qualidade do Carf, a ser votada no Senado na semana que vem, o fim da subvenção do ICMS aos Estados, taxação das apostas esportivas, além da tributação dos fundos.
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