Os juros futuros fecharam a quinta-feira em baixa, mesmo em meio ao avanço dos juros dos Treasuries e à manutenção da alta do dólar. Assim como ocorreu na terça-feira, o alívio foi atribuído a uma correção técnica associada ao prêmios elevados na curva e à expectativa de anúncio de um pacote robusto de corte de gastos, ainda que não tenha havido novidades no noticiário vindas da área fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria uma reunião nesta quinta-feira com o presidente Lula para tratar do assunto.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 13,18%, de 13,21% no ajuste de terça-feira, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 13,37% para 13,34%. O DI para janeiro de 2029 terminou o dia com taxa de 13,15% (de 13,20%).
O mercado de juros retornou do feriado do Dia da Consciência Negra sem tendência firme pela manhã, oscilando entre alta moderada e a estabilidade. Num primeiro momento, houve um ajuste ao comportamento de alta dos rendimentos dos Treasuries na sessão de ontem, e receios de que as medidas de redução de despesas sejam divulgadas apenas na próxima semana. Mais para o final da primeira etapa, a pressão foi amenizada, com o mercado já tentando retomar a correção da terça-feira.
Há semanas o mundo dos ativos domésticos vem girando em função do pacote e o investidor tenta se apegar a informações de bastidor - dando conta de que o valor pode chegar a R$ 70 bilhões em dois anos e que haverá ajustes estruturais na regra de aumento do salário mínimo e, talvez, nos pisos de Saúde e Educação - como contraponto à demora do anúncio.
Em entrevista à Globonews, nesta manhã, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o texto com as medidas deve ficar pronto até esta sexta (22). Amanhã, está prevista a divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas. O Santander Brasil projeta que o documento vai apresentar um bloqueio adicional de R$ 5,0 bilhões nas despesas deste ano.
A ansiedade pelo pacote não é só do mercado, sendo percebida também dentro do governo. O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou hoje ser importante lançar "logo" as medidas "para ancorar expectativas e apontar para um segundo biênio de mais crescimento, de mais geração de emprego, que é isso que o presidente Lula está perseguindo e que vai nos levar ao grau de investimento".
Haddad teria ainda uma reunião com o presidente Lula para tratar do pacote, disse ontem o próprio ministro. Mas o ajuste vindo da área da Defesa já teria sido encaminhado. Até o momento, esta conversa ainda não aconteceu, segundo apurou o Broadcast, e não há previsão oficial para este encontro.
A abertura da curva local pela manhã contrastava com o desempenho de baixa dos rendimentos dos Treasuries, que caíam em meio à aversão ao risco geopolítico após a Rússia lançar um míssil contra a Ucrânia, de capacidade nuclear e de longo alcance. À tarde, os yields voltaram a subir após um leilão de Tips de 10 anos com demanda abaixo da média.
Mesmo com a virada nos títulos do Tesouro dos EUA, as taxas locais passaram a cair, também contrariando a alta do dólar acima dos R$ 5,80, mas sem gatilho aparente. "Não está claro o que causou esta melhora, mas é fato que os DIs estão bastante esticados. A curva chegou nesta semana a projetar Selic terminal acima de 14%. O mercado parece estar apostando que o pacote deve mesmo sair com os R$ 70 bilhões que estão sendo ventilados", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe da e sócio da EPS Investimentos. Ele pondera, porém, que é preciso ver como será a estrutura da proposta e os riscos à implementação e ao cronograma.
Pela manhã, a Receita informou que a arrecadação de outubro somou R$ 247,92 bilhões, com alta real de 9,77% ante outubro de 2023. O resultado fico no teto das estimativas do mercado.
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