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Sem Lula, Dilma viaja à China e assume cargo de presidente do banco dos Brics

Apesar do cancelamento da visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, a ex-presidente Dilma Rousseff viajará a Xangai para assumir formalmente o cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). Dilma foi indicada por Lula

Felipe Frazão (via Agência Estado)

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Escrito por Felipe Frazão (via Agência Estado)
Publicado em 26.03.2023, 14:00:00 Editado em 26.03.2023, 14:06:56
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Apesar do cancelamento da visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, a ex-presidente Dilma Rousseff viajará a Xangai para assumir formalmente o cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). Dilma foi indicada por Lula e eleita como presidente da instituição financeira criada pelo BRICS, o bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

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Dilma começará a despachar da sede do banco e vai se mudar para Xangai, mas a cerimônia de posse, antes prevista para o dia 30 de março, foi cancelada. A ideia é que solenidade seja organizada para coincidir com a visita de Estado de Lula ao presidente chinês, Xi Jinping. Os dois governos trabalham numa nova data. Uma proposta é maio.

Integrantes do governo e empresários do agronegócio brasileiro sugeriram que Lula viaje em maio, por volta do dia 18, para aproveitar uma feira de alimentação local, a SIAL, que costuma ter a presença de Xi Jinping. Lula poderia emendar a visita de Estado à China com a ida à cúpula do G7, no Japão. Mas diplomatas avaliam potenciais sensibilidades chinesas e a disponibilidade na agenda do presidente do país.

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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou a proposta da viagem em maio, mas disse que agora a nova data depende de uma decisão da China.

A viagem de Dilma foi confirmada à reportagem por diplomatas, assessores da ex-presidente e integrantes do governo Lula. O embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Galvão, viajará a Xangai para recepcionar Dilma e auxiliar nos trâmites iniciais. Ela começa a trabalhar imediatamente.

Conforme integrantes do governo, era possível que Dilma viajasse à China com a Força Aérea Brasileira (FAB), a bordo do maior avião da frota, um A330 que vai ser deslocado de Brasília para buscar servidores do Itamaraty e da Presidência da República. Eles haviam viajado antecipadamente para preparar a visita de Estado de Lula, cancelada de última hora.

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O próprio NDB, porém, paga a seu quadro de funcionários viagens internacionais na contratação, além de um subsídio para instalação em Xangai. Como o Estadão mostrou, o banco acelerou os processos internos e elegeu por unanimidade, na última sexta-feira, dia 24, Dilma como nova presidente. A ideia era coincidir a posse com a passagem da delegação presidencial pela China.

O governo Lula promoveu uma intervenção no comando do banco dos BRICS. O mandato do presidente é rotativo, num esquema de revezamento de membros indicados pelos governos dos países participantes. O diplomata e economista Marcos Troyjo, indicado pelo governo Jair Bolsonaro, deixou o cargo na semana passada, para abrir caminho para a mudança, em comum acordo com o governo Lula, por divergências de posições.

É a primeira vez que o governo faz uma intervenção desse tipo no banco. Ela desagradou diplomatas ligados à direção da instituição financeira e foi vista como um gesto político para reabilitar Dilma, que havia recusado outros cargos no exterior quando sondada.

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A eleição marca o retorno de Dilma a um cargo público, após ter sido destituída pelo Congresso Nacional. Dilma não voltou a exercer cargos políticos e passou apenas a participar de palestras, debates e discussões acadêmicas e partidárias.

A ex-presidente foi cassada sete anos atrás num contexto político de perda de governabilidade, durante as investigações da Operação Lava Jato, acusada formalmente ter cometido "pedaladas fiscais", uma manobra para maquiar as contas públicas, reveladas pelo Estadão.

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A ex-presidente teve o impeachment aprovado pela Câmara e pelo Senado em um processo legal tendo como justificativa crime de responsabilidade pela prática das chamadas "pedaladas fiscais" (atrasos de pagamentos a bancos públicos) e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso. O processo foi ignorado pelo banco em um comunicado após o nome da ex-presidente ser aprovado.

Dilma passará a morar e a despachar no novo e moderno edifício construído para abrigar o NDB, inaugurado em 2021. A cidade é um centro financeiro global. Ela trabalhará num gabinete com vista para a metrópole, maior cidade chinesa, e receberá remuneração no mesmo patamar de outros bancos multilaterais, conforme executivos da instituição.

Dilma deve ganhar em torno de US$ 500 mil por ano. O valor exato não é divulgado pelo NDB, mas pessoas com passagem pela gestão do banco dizem que o parâmetro é o valor pago pelo Banco Mundial. Procurado, o NDB não se manifestou.

O banco dos Brics foi criado após reunião de cúpula dos chefes de Estado, realizada em Fortaleza, em 2014, durante o mandato de Dilma como presidente. Uma das intenções era ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Atualmente, a carteira de investimentos é da ordem de US$ 33 bilhões.

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