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Sem água, Belo Monte opera com meia turbina

A ameaça de apagão que o Brasil atravessa evidencia a limitação de um dos principais projetos de infraestrutura do País para enfrentar a seca atual. Erguida com investimentos de quase R$ 40 bilhões, Belo Monte, a quarta maior hidrelétrica do mundo, com ca

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.09.2021, 17:00:00 Editado em 21.09.2021, 17:09:24
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A ameaça de apagão que o Brasil atravessa evidencia a limitação de um dos principais projetos de infraestrutura do País para enfrentar a seca atual. Erguida com investimentos de quase R$ 40 bilhões, Belo Monte, a quarta maior hidrelétrica do mundo, com capacidade para gerar 11.233 megawatts (MW), opera só com meia turbina desde o início de agosto.

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Isso significa produzir cerca de 300 MW por dia - ou 2,67% da potência total. Construída sem reservatório, a fio dágua, a usina funciona conforme o regime hidrográfico do Rio Xingu, que varia 25 vezes entre a cheia e a seca - e este é o período do ano de auge da seca.

Hoje, Belo Monte está com 18 turbinas paradas. E isso deve se manter até o fim de novembro ou meados de dezembro, quando o rio deve voltar a encher. Dependendo do volume de chuvas, em janeiro a hidrelétrica - que tem entre os sócios Eletrobras, Neoenergia, Cemig, Vale e os fundos Petros e Funcef - já estará produzindo quase sua capacidade total.

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Desde que foi concluída, a usina tem produzido menos do que os especialistas calculavam para o período seco. Na época da construção, esperava-se que, durante a estiagem, ela produzisse cerca de 690 MW médios. Durante o ano, a expectativa era produzir 4 mil MW médios. No ano passado, ficou em 3.293 MW médios e, em 2019, em 3.027 MW médios, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

"Geramos durante seis meses por ano, que é quando há volume de água no rio. Mas essa é a configuração do projeto", diz o diretor-presidente da concessionária Norte Energia, Paulo Roberto Ribeiro Pinto. Mesmo assim, ele afirma que Belo Monte tem tido um papel importante na recuperação dos demais reservatórios do País no período chuvoso e representa 7% da matriz brasileira.

A construção de usinas a fio dágua sempre foi motivo de grandes discussões no País. O modelo foi adotado para reduzir os impactos ambientais e tornar viável a construção das usinas. A escolha, no entanto, tem um preço que é a redução da capacidade de armazenamento.

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O projeto de Belo Monte, por exemplo, nasceu na década de 70, como Hidrelétrica Kararaô, dentro de um complexo de seis usinas. Após várias remodelações, foi rebatizado de Belo Monte, com apenas uma usina. Para diminuir os impactos ambientais, a área alagada foi reduzida de 1.200 para 516 km².

Conflitos

Apesar das mudanças, a hidrelétrica sempre esteve envolvida em muitas controvérsias ambientais. Em 2020, quase um ano após a inauguração da última turbina, o Ministério Público Federal (MPF) voltou a questionar o hidrograma de vazão da usina aprovado na época do leilão.

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Belo Monte foi construído em dois locais diferentes. Parte da água do Xingu é desviada para a usina Sítio Pimental, que gera 233 MW de energia. Esse desvio acabou reduzindo o volume de água na região da Volta Grande, onde estão localizadas algumas aldeias indígenas. O MPF argumentou que a diminuição de água estava provocando problemas para ribeirinhos, navegabilidade e para os peixes.

Por causa disso, em janeiro deste ano o Ibama aumentou a vazão na Volta Grande. Consequentemente, o volume de água para a usina diminuiu e afetou a produção. O presidente da Norte Energia calcula que essa alteração tenha reduzido em cerca de 1.600 MW médios a geração de Belo Monte e reduzindo em 2,5% os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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