O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira, 1º de novembro, que, caso o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) julgue necessário, os juros subirão mais nos Estados Unidos. Por outro lado, a possibilidade de corte de juros sequer entrou na pauta, conforme ele. "Se precisamos apertar ainda mais a política e, se chegarmos a esse julgamento, então apertaremos ainda mais a política", disse o presidente do Fed. Segundo Powell, o Comitê do Fed também está avaliando por quanto tempo é necessário manter um nível restritivo para a taxa básica no país. O objetivo, afirmou, é manter a política restritiva até que se tenha confiança de que a inflação está em uma trajetória sustentada para chegar à meta, de 2% ao ano. "A questão dos cortes nas taxas simplesmente não foi nem discutida. A nossa questão agora é se será necessário elevar mais os juros, o que ainda está em aberto", explicou o presidente do Fed.
O presidente do Federal Reserve afirmou também que o gráfico de pontos é uma figura do tempo e que a indicação de mais elevação de juro neste ano não é uma promessa. O BC dos Estados Unidos está atuando com "cautela", reforçou. O gráfico de pontos indicou que 12 membros do Fomc ainda acreditam que aumentarão as taxas em mais 25 pontos base este ano. "Essa foi uma impressão de crença a partir de setembro. Não é uma promessa ou um plano para o futuro", disse Powell, acrescentando, novamente, que as decisões serão tomadas a cada reunião. Ele avaliou que o Fed conseguiu ter um progresso significativo sem causar uma alta típica no desemprego, cenário comum em um ambiente de juros altos. No entanto, ponderou que, é provável que a economia dos EUA tenha de perder um pouco do fôlego atual. Segundo Powell, o Fed tem conduzido sua política monetária em um "quadro de grande incerteza". "Fomos bastante longe no aperto, estamos perto do fim dele", avaliou.
Riscos mais equilibradosO presidente do Federal Reserve analisou também que os riscos no cenário parecem mais equilibrados ao se colocar na balança os prós e contras de subir os juros no país. "A política monetária está claramente restritiva, bem acima do considerado neutro", disse, em coletiva de imprensa. De acordo com Powell, o Fed leva em consideração um "quadro bem abrangente" sobre as condições financeiras para avaliá-la. Ele avaliou ainda que o sistema bancário americano é "forte e bastante resiliente", a despeito das falências vistas neste ano e que os níveis de estresse financeiro também são monitorados pela autoridade. "Observamos uma ampla gama de condições financeiras em vigor. Nunca olharíamos apenas os juros mais longos dos treasuries como algo isolado", explicou o presidente do Fed. Ele afirmou ainda que, em primeiro lugar, o Fed avalia se a inflação ainda está desacelerando, mas acrescentou que a luta contra a alta dos preços, provavelmente, é acompanhada de solavancos. A despeito disso, ele avaliou que expectativas de inflação estão em um "bom lugar" e o avanço dos salários desacelerou bastante, para um ritmo bem mais perto do necessário. "Não creio que salários sejam grande motor da inflação", avaliou Powell, acrescentando que "podem ter mais peso adiante". Segundo Powell, a demanda por trabalho nos EUA segue "muito forte", mas o aumento dos salários desacelera gradualmente. Questionado sobre o poder de consumo nos EUA, disse que houve uma mudança estrutural. Admitiu também que o Fed pode ter subestimado o balanço das famílias e das pequenas empresas, acumulado na época de gastos menores na pandemia. Powell disse ainda que o BC dos EUA não considera mudar o ritmo da redução do seu balanço de ativos.
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