O economista e ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central (BC) Alexandre Schwartsman avaliou hoje que o aperto no mercado de trabalho, onde a produtividade não acompanha o aumento dos salários, sugere que a economia está crescendo além de sua capacidade.
Durante participação em evento da Coface, Schwartsman observou, com base nas estatísticas de emprego desde 2012, que a taxa de desemprego cai quando a economia cresce mais de 1%. Quando é persistente, continuou, essa queda da desocupação em algum momento bate no limite da economia. No momento, a taxa de desemprego, em 7,8%, já estaria, nos cálculos do economista, abaixo da taxa neutra, aquela que não pressiona a inflação.
Na esteira de dados que indicam uma reaceleração da atividade neste ano, o crescimento da economia acima do potencial, disse Schwartsman, tem implicações no comportamento da inflação de serviços.
Após apresentar à plateia um gráfico que mostra grande descolamento da produtividade agrícola, que avança a um ritmo perto de 6% ao ano, do resto da economia, onde a produtividade está abaixo do nível de 2013, o economista salientou que os salários estão subindo mais rápido do que a produtividade. O aumento do custo do trabalho, pontuou, tem relação mais forte com a inflação de serviços.
Segundo ele, a expansão salarial está ligada ao aquecimento econômico, que, por sua vez, se deve ao impulso à demanda gerado pela queda dos juros e pelo pagamento de precatórios, um total de R$ 90 bilhões. "Em resposta, o mercado de trabalho tem mostrado pujança considerável em geração de vagas e, simultaneamente, queda persistente do desemprego", comentou o ex-BC.
Conforme Schwartsman, as expectativas de inflação estão desancoradas não apenas pelos riscos associados à transição de comando no BC, que levanta dúvidas sobre o compromisso da autoridade monetária com a meta a partir do ano que vem, mas também pelo ceticismo sobre a estabilização da dívida pública com a política fiscal em curso.
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