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Rumo incerto de parte da inflação de alimentos limita revisão de expectativas

O ritmo de aumento dos preços dos alimentos semielaborados e de parte dos industrializados diminuiu e deve contribuir para o arrefecimento da inflação agora, mas a perspectiva para os grupos no restante do ano é incerta e inibe revisões para baixo nas pro

Anna Scabello (via Agência Estado)

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Escrito por Anna Scabello (via Agência Estado)
Publicado em 06.07.2025, 09:15:00 Editado em 06.07.2025, 09:30:02
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O ritmo de aumento dos preços dos alimentos semielaborados e de parte dos industrializados diminuiu e deve contribuir para o arrefecimento da inflação agora, mas a perspectiva para os grupos no restante do ano é incerta e inibe revisões para baixo nas projeções do mercado para a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025.

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As condições necessárias para que alimentos que sofrem algum grau de transformação fiquem mais baratos estão se formando, atreladas à melhora climática em comparação com o ano anterior, sem os fenômenos climáticos El Niño e La Niña, diz André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Segundo ele, que também é coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da FGV, se os preços desses produtos ficarem mais comportados, a inflação medida pelo IPCA deve encerrar o ano perto de 4,9%. Caso contrário, pode ficar entre 5,4% e 5,5%, nível em que se encontra hoje.

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De acordo com a classificação de alimentos realizada pelo Banco Central (BC), existem três grupos: in natura, aqueles que não sofrem nenhuma transformação, como ovos, tubérculos, frutas e verduras; semielaborados, que já possuem certo grau de transformação, por exemplo, carnes bovinas, suínas, leite e cereais; e industrializados, cujo grau de transformação é maior e contempla uma ampla gama de produtos.

Os alimentos industrializados têm o maior peso dentro da inflação de alimentação no domicílio, com 53% de contribuição, enquanto os semielaborados participam com 32% e os in natura com 15%.

A visibilidade sobre os preços de alimentos industrializados, no entanto, é prejudicada pelo fato de os custos de produção, que representam pouco mais da metade do valor de produtos alimentícios, serem influenciados por componentes sujeitos a fortes variações, como o câmbio e o petróleo.

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Segundo o economista João Fernandes, da gestora Quantitas, o câmbio é hoje a variável que mais pesa nessa conta. No cenário atual, o movimento do mercado global favorece as moedas emergentes, mas segue dependente majoritariamente de fatores externos. Fernandes mantém a projeção para o IPCA de 2025 em 5,2%, com viés baixista devido à recente apreciação do real ante o dólar.

Guilherme Moreira, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), comenta que a expectativa é de continuidade na reversão da alta dos preços de alimentos em geral até julho, mas que nos semielaborados e industrializados a mudança será mais lenta. "A dinâmica desses preços é um pouco diferente. Enquanto os in natura são mais voláteis, esses alimentos demoram mais para subir e para cair", detalha.

Fernandes prevê desaceleração da inflação de alimentos industrializados entre junho e julho como reflexo do recuo nos preços no atacado - algo que já aparece em índices de preços e em dados de instituições como o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

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Segundo o economista, o pior momento da inflação de alimentação no domicílio no IPCA foi registrado em novembro de 2024. "No acumulado em 12 meses daquele período, vimos alta de 8,4%. Agora, no acumulado até maio de 2025, vemos uma inflação de 7,2%", afirma Fernandes. De acordo com ele, por essa métrica, a inflação não vai ceder muito no curto prazo, mas o movimento será mais perceptível na margem.

Entre os alimentos que reduziram a alta de lá para cá, Fernandes destaca o leite longa vida e os cereais, como arroz e feijão. Por outro lado, seguem com os preços pressionados o café moído, o café solúvel e a carne bovina, que pode ainda apresentar uma nova elevação no preço até o final do ano. Dentro da alimentação no domicílio, o café possui peso de 4,4%, leite longa vida de 4,8%, cereais de 5,2% e carnes de 17,3%.

A expectativa dele é de que em junho o IPCA registre deflação de 0,50% na alimentação no domicílio, retornando para o terreno positivo ainda em julho, com alta prevista de 0,10%. Em agosto, no entanto, o movimento ainda é incerto. Por ora, a gestora estima variação positiva de 0,10%. O economista prevê inflação de alimentos de 6,3% em 2025 e de 4,9% em 2026.

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