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Rafaela Vitoria: 'a recessão pode ser mais severa se o juro subir muito'

Diante da recessão técnica em que o Brasil entrou no terceiro trimestre, o Banco Central terá de ser cuidadoso ao elevar a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses, sob o risco de colocar o País em uma crise ainda mais profunda, avalia a economista

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 03.12.2021, 08:08:00 Editado em 03.12.2021, 08:17:32
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Diante da recessão técnica em que o Brasil entrou no terceiro trimestre, o Banco Central terá de ser cuidadoso ao elevar a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses, sob o risco de colocar o País em uma crise ainda mais profunda, avalia a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória.

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Segundo ela, uma Selic superior a 10% pode ser prejudicial à economia. Hoje, a taxa de juros está em 7,75%. "A atividade econômica tem de entrar no radar (do Banco Central). O Brasil ainda tem 13,5 milhões de desempregados e precisa voltar a crescer. O PIB está no mesmo patamar do último trimestre de 2019. Estamos há quase dois anos sem nenhum crescimento", afirmou. Confira, a seguir, trechos da entrevista.

O ano começou parecendo que haveria recuperação, mas agora estamos em recessão, o que aconteceu?

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Temos alguns componentes externos. Nesse terceiro trimestre, a grande surpresa foi a queda do agronegócio. Não imaginávamos que seria desse tamanho, 8% é bastante. Teve produções bem afetadas com seca e geada, com queda de mais de 20%. Café e milho sofreram muito. A crise hídrica teve impacto direto no agronegócio e indireto no aumento do custo da energia no Brasil. Acabou resultando em desaceleração. O consumo das famílias teve crescimento, mas não na magnitude que se esperava com o avanço da vacinação. A alta da inflação já está retirando consumo das famílias.

Questões políticas têm interferido na economia?

Neste momento, acho que não diretamente. Mas, indiretamente, a incerteza política - principalmente o fato de as reformas não terem avançado e essa discussão de PEC dos Precatórios - traz insegurança para o mercado. Isso fez a moeda se desvalorizar mais que o esperado, contribuindo para elevar a inflação. Isso já resultou em alta de juros. Mas, mesmo nesse último trimestre, a subida dos juros foi bem maior do que esperávamos no início do ano.

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O Inter espera alguma mudança nessa trajetória da economia até o fim do ano?

O quarto trimestre deve ser parecido com esse, com uma variação também próxima a zero. Aí, devemos ter um crescimento de 4,7% no ano.

Esse cenário se repete em 2022? Como vê a Selic no próximo ano e seu impacto na inflação e no PIB?

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O Banco Central sempre foi muito focado em inflação e expectativa de inflação. Acho que precisa incorporar a expectativa de desaceleração da atividade. Se subir muito o juro, a gente pode ter uma recessão prolongada e mais severa. Acho que a atividade tem de entrar no radar. Qual a taxa de juros que controla a inflação, mas não permite que a recessão seja tão forte? Porque, como vimos, o Brasil ainda tem 13,5 milhões de desempregados e precisa voltar a crescer. O PIB está no mesmo patamar do último trimestre de 2019. Estamos há quase dois anos sem nenhum crescimento. É preciso voltar a crescer e gerar emprego.

E qual seria essa taxa?

Acho que vai precisar chegar a dois dígitos, talvez 10% seja necessário. Mais que isso, a gente pode ter uma recessão severa. Mas nós (Banco Inter) temos no cenário 11% para 2022 e PIB de 0,5%. Acho que precisamos de juros menores do que isso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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