O Banco Central divulgou nesta quarta-feira, 20, os resultados do Questionário Pré-Copom (QPC) para a reunião da semana passada, na qual o Comitê de Política Monetária cortou a Selic pela quarta vez consecutiva em 0,50 ponto porcentual, para 11,75% ao ano. Mais uma vez, o colegiado sinalizou que irá manter o ritmo de flexibilização nas próximas reuniões.
Enquanto o Copom mantém uma estimativa de taxa de juros neutra em 4,5%, os economistas avaliam que essa taxa já é de 5,00%. Na pergunta sobre o hiato do produto, a mediana dos analistas ficou em 0,1% no fim de 2023 e 0,3% no fim de 2024.
Das 134 instituições que responderam ao questionário, apenas uma apostou em um corte de 0,75 pp já na reunião de dezembro. Por outro lado, sete delas acreditavam que esse seria o movimento correto por parte do BC.
Para a reunião de janeiro, seis apostavam na aceleração do corte para 0,75 pp, sendo que 14 disseram que fariam isso se estivessem no lugar do Copom. Para março, as respostas são mais variadas. O número dos que acham que haverá um corte de 0,75 pp aumenta para 11, e duas casas apostaram um corte menor, de 0,25 pp. Já para a pergunta sobre o que fariam se estivessem na pele do BC, as respostas vão desde manutenção da Selic (1), corte de 0,25 pp (6), corte de 0,50 pp (105) a corte de 0,75 pp (21).
No QPC, a mediana das expectativas para a inflação ficou em 4,50% em 2023, 4,00% em 2024 e 3,50% em 2025, próximas do verificado no último Boletim Focus. Para 30% das instituições, há riscos de alta para a inflação de 2024, 54% enxergam riscos equilibrados e apenas 16% consideram riscos de baixa. Para 2025, há risco de alta também para 30% das casas, com riscos equilibrados para 64% e risco de baixa para somente 6%.
Para 2024, a mediana do impacto do El Niño incorporado pelos analistas em suas projeções é de 0,20 pp, com potencial de 0,60 pp. Na ata divulgada na terça-feira, o Copom afirmou que enxerga um efeito maior do fenômeno climático nos preços de alimentos.
Já sobre a elevação das alíquotas de ICMS em curso por diversos governos estaduais, os economistas disseram já ter incorporado um impacto de 0,05 pp nas projeções para 2024, com potencial de até 0,25 pp.
Assim como o próprio BC, 80% dos analistas enxergaram um ambiente externo mais favorável desde a reunião anterior do Copom, no começo de novembro. A mediana das projeções para a taxa de juros de curto prazo dos Estados Unidos ficou em 4,32% no fim de 2024 e 3,50% em 2025. No longo prazo, a estimativa é de que a taxa americana fique em 2,90%. Para títulos de 10 anos, a projeção é de 4,00% no fim de 2024 e 3,50% em 2025 e no longo prazo.
O QPC mostra ainda um déficit primário de R$ 92 bilhões nas contas do governo central no próximo ano, bem distante da meta de resultado fiscal zero. As instituições estimam que as medidas de recuperação de receitas por parte da equipe econômica terão um efeito de apenas R$ 80 bilhões em 2024, cerca da metade do pretendido pelo governo.
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