Depois de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manter os juros estáveis entre 5,00% e 5,25% ao ano, o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizou que mais algum aperto nas condições financeiras dos Estados Unidos pode vir à frente. Por outro lado, disse que a autoridade monetária levará em conta efeitos atrasados no aperto monetário em curso nos Estados Unidos ao definir seus próximos passos.
"Quase todos os participantes do Comitê esperam que seja apropriado aumentar um pouco mais as taxas de juros até o fim do ano", disse Powell, em coletiva de imprensa, nesta tarde.
Segundo ele, a extensão dos efeitos do aumento de cinco pontos porcentuais nos juros no país "parece incerta" e os dirigentes do Fed têm monitorado tais impactos na economia. Powell mencionou impactos no setor de habitação e nos investimentos das empresas. "Potenciais ventos contrários com aperto no crédito também foram levados em conta", acrescentou.
Powell disse ainda que caso a economia dos EUA não caminhe como o esperado, o Fed deve revisar suas projeções. "Se a economia não evoluir como projetado, o rumo da política se ajustará conforme apropriado para promover nossas metas de máximo emprego e estabilidade de preços", concluiu.
Decisões reunião a reunião
O presidente do Federal Reserve evitou dar forward guidance, ou seja, projeção futura, para o processo de aperto monetário nos Estados Unidos. A despeito da pausa anunciada nesta quarta após dez elevações seguidas, as decisões continuarão sendo tomadas "reunião a reunião".
"Continuaremos a tomar nossas decisões nos reunindo com base na totalidade dos dados recebidos e suas implicações nas perspectivas de atividade econômica e inflação, bem como no balanço de riscos", disse Powell.
Ele afirmou, porém, que moderar o aperto monetário nos EUA faz sentido à medida que o objetivo deste processo está mais próximo. "A manutenção de hoje é prolongamento da política recente (desde início do aperto)", disse o presidente do Fed.
Segundo Powell, a principal questão no front é determinar a extensão da política adicional que pode ser apropriada para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo. "Dado o quão longe chegamos, pode fazer sentido que as taxas subam, mas em ritmo mais moderado", disse ele.
Julho em aberto
O presidente do Federal Reserve disse que a autoridade monetária ainda não decidiu qual será o rumo dos juros nos Estados Unidos em julho e que na próxima reunião todas as opções estarão na mesa.
"Não houve nenhum tipo de debate inicial sobre a possibilidade de julho. É claro que surgiu na reunião, mas o foco estava no que fazer hoje", disse Powell. "Eu diria sobre julho duas coisas: que uma decisão não foi tomada e espero que seja uma reunião com opções em aberto", emendou.
Riscos para a inflação
O presidente do Federal Reserve alertou que, a despeito de sinais de desinflação em alguns setores da economia dos Estados Unidos, ainda há riscos de alta para a inflação do país. O processo para conter o custo de vida dos americanos será gradual, avaliou, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira.
"Sempre dissemos e acreditamos que o processo de redução da inflação será gradual, levará algum tempo", afirmou Powell, ao ser sabatinado por jornalistas na sede do BC dos EUA, em Washington DC.
De acordo com ele, o BC dos EUA busca uma "evidência digna de crédito" de que inflação passou o pico e está caindo. Ao comentar o ambiente atual, afirmou que as cadeias de produção continuam a melhorar, que vários indicadores sugerem relaxamento no mercado de trabalho, mas que há apenas sinais iniciais de perda de fôlego da inflação em serviços.
Atividade
O presidente do Federal Reserve afirmou que a economia dos Estados Unidos tem crescido a um ritmo modesto neste ano após desacelerar "significativamente" em 2022.
Ao comentar a decisão de juros do BC dos EUA, Powell afirmou que as taxas mais altas já estão tendo impacto negativo nos investimentos das empresas americanas. Alertou, contudo, que o mercado de trabalho nos EUA ainda continua "apertado" a despeito de a taxa de desemprego ter subido, mas ainda permanecer em um patamar baixo.
"Há alguns sinais de que a oferta e a demanda no mercado de trabalho estão se equilibrando melhor. A taxa de participação na força de trabalho aumentou nos últimos meses", disse Powell.
Ele mencionou ainda que o crescimento dos salários nominais tem mostrado sinais de abrandamento e que as ofertas de emprego diminuíram neste ano, com a demanda por trabalho superando fortemente a oferta.
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