O processo de implementação do Plano Real é algo "não repetível", afirmou nesta segunda-feira, 24, o economista Pérsio Arida, um dos idealizadores do plano e ex-presidente do Banco Central. Ele destacou que a implementação do Real só aconteceu pela capacidade do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, de aliar, ao mesmo tempo, capacidade política e intelectual.
"São duas capacidades que não costumam coincidir", frisou Arida em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos do plano Real. "É difícil imaginar um ministro da Fazenda que consiga ao mesmo tempo convencer o presidente da República que tinha ideias muito diferentes e próprias, todas erradas, diga-se de passagem", disse o economista em referência ao então presidente, Itamar Franco.
Arida destacou a habilidade política de FHC de negociar a aprovação do Real com o PFL, que segundo ele era "mal visto" por uma ala significativa do PSDB.
"Mas ele fez a aliança em prol da construção de uma base", disse Arida, acrescentando ainda que, mesmo tendo sua formação política ligada à esquerda, FHC optou por montar sua equipe na Fazenda com economistas de carreira e "liberais da PUC-RJ".
O economista ainda destacou, por fim, que o plano Real não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia.
Pedro Malan
Também presente no evento, o ex-ministro da Fazenda e então presidente do Banco Central durante a implementação do Real, Pedro Malan, disse que, ao mesmo tempo em que se comemora os 30 anos do plano, o Brasil ainda tem "muito que caminhar" em outras frentes.
Ele citou a necessidade de responder o porquê de o Brasil crescer tão pouco, ter uma má distribuição de renda e o fato de "ser tão difícil" fazer reformas no País.
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