A perspectiva de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 é mais baixa do que o avanço registrado em 2023, mas a composição será mais favorável, com recuperação dos investimentos, avaliaram economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) durante o 1.º Seminário de Análise Conjuntural 2024, realizado em parceria com oEstadão, nesta quinta-feira, 7, no Rio de Janeiro. A preocupação maior, porém, é com o cenário fiscal, sob pressão em ano eleitoral, que colocará à prova o arcabouço fiscal.
"A gente certamente tende a viver em 2024 um ano de mais calmaria. A tendência é a economia crescer", afirmou Armando Castelar, pesquisador associado do Ibre/FGV. "A gente vê um certo otimismo sobre o crescimento, queda da inflação, queda dos juros. Mas, ao mesmo tempo que a gente tem essa calmaria e um cenário relativamente bom, a gente tem um risco da tempestade que está se formando para o ano que vem, ou um pouquinho mais à frente."
Segundo o pesquisador, o ambiente de polarização política agrava a questão fiscal no País, por abrir espaço para uma tendência de aumento de gastos, não por uma estratégia de política econômica, mas em busca de maior popularidade.
Assim, o arcabouço fiscal será testado nos próximos meses, em meio a um cenário de expansão dos gastos já em curso, ressaltou Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV. O boletim da FGV prevê avanço de 1,5% no PIB em 2024, após elevação de 2,9% em 2023, com avanço de 3,4% nos investimentos, após retração de 3% em 2023.
Juros
Ao Banco Central, não resta alternativa que não seja manter a taxa de juros em patamar acima do juro neutro, afirmou o economista José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV. "Não consigo pensar em nenhuma outra coisa que não seja o Banco Central manter a política monetária contracionista, acima do juro neutro."
Segundo Senna, uma taxa de juro terminal (ao fim do ciclo de cortes) de 9% "não dá conta" do desafio. O pesquisador aposta em taxas entre 9,5% e 9,75%. "Não basta levar a inflação para a meta, tem de mantê-la na meta."
As informações são do jornalO Estado de S. Paulo.
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