MAIS LIDAS
VER TODOS

Economia

'País é muito grande para ter só 3 aéreas'

Em recuperação judicial, o grupo Itapemirim, conhecido pelo transporte rodoviário, se prepara para lançar sua empresa aérea, apesar da crise enfrentada pelo setor desde o início da pandemia. O presidente do grupo, Sidnei Piva, avalia que as perspectivas s

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 03.11.2020, 07:25:00 Editado em 04.11.2020, 09:40:19
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

Em recuperação judicial, o grupo Itapemirim, conhecido pelo transporte rodoviário, se prepara para lançar sua empresa aérea, apesar da crise enfrentada pelo setor desde o início da pandemia. O presidente do grupo, Sidnei Piva, avalia que as perspectivas são positivas para a Ita Transportes Aéreos. A ideia é que a companhia comece a operar em março, com aeronaves modelo A320, e alcance cem aviões em 5 anos. "É inadmissível ter só três companhias aéreas de grande porte no Brasil", afirmou.

continua após publicidade

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Como a crise da covid-19 afetou os resultados do grupo?

continua após publicidade

Estamos apostando em um crescimento significativo em novembro e dezembro e devemos recuperar parte das perdas com a covid-19. As ações de proteção tomadas no começo da pandemia e a continuidade no serviço de transporte garantiram um baque menor que o esperado. A perda deve ficar em 30% ante o ano passado. E 2021 vai ser totalmente atípico para o grupo: estamos projetando um crescimento de quatro a cinco vezes, por conta da entrada da companhia aérea.

Apesar de ser uma operação separada da empresa aérea, a Itapemirim está em recuperação judicial. Como está o processo?

Na empresa, nem chamamos mais de recuperação judicial. Para nós, é um plano de reestruturação e estamos próximos da liquidação, prevista para meados do ano que vem. Os pagamentos foram cumpridos rigorosamente e passamos para um plano de crescimento da empresa. A recuperação passou a ser um compromisso equacionado nas contas da empresa. Estamos saindo da pandemia mais fortes.

continua após publicidade

A recuperação judicial atrasou os planos para a empresa aérea?

Esse projeto existe desde meados de 2017, quando a canadense Bombardier nos procurou. Estavam buscando uma grife para o mercado brasileiro, nos encontraram e começamos a amadurecer a ideia. Não foi possível, pelos problemas da própria recuperação, que precisava ser aprovada. Mas uma equipe nossa foi desenvolvendo ideias mesmo assim e tivemos a oportunidade de falar do projeto para fundos de investimento no exterior. Acabamos entrando no ramo de táxi aéreo primeiro e o projeto da empresa aérea foi ganhando dimensão.

A recuperação pode atrapalhar a empresa de aviação?

continua após publicidade

Em nada. Além de serem operações separadas, a aérea vem contribuir para adiantar o processo de recuperação. A expectativa é que a aérea esteja operando em março. A empresa abriu um processo seletivo para contratar 600 funcionários, incluindo pilotos, copilotos e comissários. Tivemos 12 mil currículos aprovados.

Mas não é um risco começar a voar bem neste momento?

continua após publicidade

Não, a pandemia assustou no início, mas as medidas que tomamos nos prepararam. A gente tem um diferencial: vamos entrar com 2 mil agências de vendas de passagens. A ideia também é atrair um tipo de passageiro que já ande de ônibus e possa fazer conosco sua primeira viagem de avião, sem para isso praticar um preço que vai canibalizar as outras companhias. É inadmissível ter apenas três companhias de grande porte em um país como o Brasil, e ter mais companhias aéreas é algo que só melhora a competição. Vamos começar com dez aeronaves do porte do A320, da Airbus, para até 170 pessoas, mas vão ter capacidade reduzida adequada ao pós-covid-19.

Quais destinos irão oferecer?

continua após publicidade

Nesta primeira fase, a ideia é ter 80 voos diários para grandes centros. Nossas prioridades são: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Já no primeiro ano, a aérea pretende atender 80% do território nacional e vamos ligar isso ao transporte rodoviário. Hoje, são 2,7 mil cidades em que a Itapemirim está presente.

A empresa vai oferecer conexões com seus ônibus?

Sim. E em tempo real. Ele desce no aeroporto já com a outra passagem comprada, no horário certo e com bagagem despachada. Isso vai poder ser feito tanto para cidades do interior quanto para outros Estados.

continua após publicidade

A ideia é casar as operações do grupo?

A nossa proposta é ser uma companhia de mobilidade, via um projeto ferroviário (o grupo tem fabricantes de trens e de componentes e quer disputar concessões de linhas de metrôs e VLT), rodoviário e aéreo. Vamos apresentar, a partir de março, uma unificação de modais, em que o passageiro terá a opção de escolher o destino, sem ter de usar cinco ou seis companhias para chegar.

continua após publicidade

Os planos de voo incluem rotas internacionais?

Primeiro, vamos fazer a lição de casa no mercado nacional. Não pretendemos, de início, fazer parcerias com outras empresas, mas, para 2022, vamos começar a olhar para fora, principalmente pensando em destinos na Europa e nos Estados Unidos. É difícil não pensar em Miami e Nova York - que viraram praticamente quintal dos brasileiros - e também estamos de olho em Portugal, Espanha, França e Inglaterra. A Ita, com certeza, estará com quatro destinos internacionais até o fim de 2022.

A empresa buscou financiamentos e anunciou aporte de US$ 500 milhões de um grupo árabe. Esse recurso foi confirmado?

O financiamento foi confirmado a partir do aporte de recursos de um fundo de Dubai. A única etapa que está faltando é conseguir todas as certificações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para podermos voar. Está tudo certo com os aviões, agora só faltam os detalhes mais técnicos, de documentação. Esse dinheiro chega antes do primeiro voo. Além disso, temos recursos próprios e estamos oferecendo para pequenos e médios investidores nacionais a possibilidade de investir.

E há planos de a empresa abrir seu capital?

Sim. A Itapemirim deve abrir capital a partir de 2024, está no nosso plano de negócios. Quem resolver investir na empresa hoje já terá isso no horizonte para os próximos anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Economia

    Deixe seu comentário sobre: "'País é muito grande para ter só 3 aéreas'"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!