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'O processo de desinflação é longo. Não vamos declarar vitória antes da hora'

Em meio a um processo de desinflação no mundo que poderá ser longo, os bancos centrais de economias avançadas e de países emergentes estão corretos em manter uma política monetária "firme" para tentar baixar os preços e levar a inflação para a meta. A ava

Ricardo Leopoldo (via Agência Estado)

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Escrito por Ricardo Leopoldo (via Agência Estado)
Publicado em 17.07.2023, 08:15:00 Editado em 17.07.2023, 08:21:05
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Em meio a um processo de desinflação no mundo que poderá ser longo, os bancos centrais de economias avançadas e de países emergentes estão corretos em manter uma política monetária "firme" para tentar baixar os preços e levar a inflação para a meta. A avaliação é do vice-diretor executivo do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Luiz Awazu Pereira da Silva. "É fundamental colocar a inflação na meta o mais rápido possível assegurando a estabilidade financeira", diz Awazu, que foi diretor do BC brasileiro. A seguir, os principais trechos da entrevista:

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Por que o BIS considera que o processo de desinflação no mundo será longo?

O mundo passa por um ciclo de aperto monetário mais complexo do que os registrados no passado. Taxas de juros muito baixas com ampla liquidez por vários anos permitiram a elevação expressiva do endividamento, depois surgiu a covid-19 e ocorreram os efeitos recentes da guerra na Ucrânia sobre preços de energia e alimentos. É fundamental colocar a inflação na meta o mais rápido possível assegurando a estabilidade financeira. O processo de desinflação é longo e já apresenta resultados com as ações firmes de política monetária adotadas pelos bancos centrais. Mas não vamos declarar vitória antes da hora.

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Como o sr. avalia o combate à inflação adotado pelas economias avançadas e emergentes?

Nas economias avançadas, os núcleos de inflação continuam altos, então, o combate continua. Os bancos centrais desses países têm uma estratégia clara, mesmo que diferenciada entre eles: implementam uma política monetária firme, inclusive para não permitir a desancoragem das expectativas de inflação. Os países emergentes, especialmente na América Latina, estão fazendo um bom trabalho na condução da política monetária, com algumas exceções. Eles anteciparam o ciclo de aperto para conter a inflação antes das economias avançadas, e agora estão começando a colher os primeiros frutos dessa ação rápida. Essa postura determinada aumenta as chances de viabilizar o controle da inflação com um pouso suave da economia.

O BIS defende a combinação da política fiscal com a monetária para reduzir a inflação. Mas não há o risco de uma política fiscal restritiva demais, junto com a alta dos juros pelos bancos centrais, provocar uma forte recessão?

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Quando se tem a política monetária agindo para desacelerar a demanda e combater a inflação, não é adequado ter um impulso fiscal ao mesmo tempo, pois retardaria a convergência da inflação à meta. Uma postura fiscal mais firme ajuda os bancos centrais a enfrentar a inflação. O ideal seria que as duas políticas atuassem na mesma direção. Com isso, a necessidade de maior aperto nas condições monetárias para fazer a inflação convergir diminuiria.

Quais são as principais medidas que países avançados e emergentes poderiam adotar para reduzir os riscos à estabilidade financeira?

Basicamente, continuar a implementar as reformas que surgiram depois da grande crise financeira global de 2008, propostas pelo Acordo de Basileia 3. Elas aumentaram a resiliência dos bancos em termos mundiais, pois diminuíram a alavancagem e elevaram a liquidez do sistema. Mas a adoção das regras de Basileia 3 não quer dizer que não haverá mais risco de falências bancárias. É preciso também ter uma boa governança da gestão dos bancos, e com a devida supervisão das autoridades regulatórias. O Comitê de Basiléia está realizando uma reavaliação de suas propostas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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