Questionado pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) sobre a quantidade de reuniões com bancos e agentes financeiros, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 27, que a instituição ampliou os encontros com o setor produtivo e está repensando sua agenda de reuniões com o setor financeiro.
"De fato tem bancos centrais que fazem mais reuniões com instituições financeiras e outros que fazem menos. Discutimos isso na última reunião do Copom, sobre qual quantidade seria ideal ou traria mais ganhos. Nós também temos esse questionamento, se simplesmente não deveríamos fazer mais. Tentamos fazer o máximo de reuniões possíveis abertas, com transmissão, para que todos tenham acesso às informações ao mesmo tempo", respondeu Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados. "Democratizamos muito os contatos do Banco Central", completou.
Ele enfatizou que sempre respeitou o período de silêncio pré e pós as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Na semana passada, o colegiado reduziu a taxa básica de juros pela segunda vez consecutiva, de 13,25% para 12,75% ao ano.
O colegiado voltou a sinalizar cortes de mesma magnitude na Selic nas próximas reuniões. "Nunca houve vazamentos (dos debates do Copom) nos meus 5 anos de BC", acrescentou.
Confrontado por Lindbergh sobre notícias de que ele havia se convertido em uma espécie de "conselheiro do Centrão", Campos Neto respondeu que sempre recebe todos os parlamentares que solicitam agendas com ele.
O presidente do BC também negou ter realizado qualquer consultoria à campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro à reeleição. "Eu nem sei quem era o marqueteiro de Bolsonaro", acrescentou.
Ele ainda negou que o Copom tenha alterado sua comunicação após a troca de governo e alegou que também era criticado pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, quando fazia alertas sobre a trajetória fiscal do País.
Perguntado pelo parlamentar petista sobre suas participações em offshores e fundos fechados, Campos Neto enfatizou ser a favor da taxação de "super ricos", em referência aos projetos do governo para tributação desses dois instrumentos de investimentos. "Tenho offshores há 15 ou 20 anos, tem irmãos que moram nos Estados Unidos e não sabia se iria morar lá ou não. Minha participação em offshores já foi explicada inclusive ao Supremo Tribunal Federal (STF). Fui a favor de taxar mais os fundos exclusivos do que a alíquota votada pelos parlamentares", respondeu.
Por fim, o presidente do BC alegou estar trabalhando para ajudar o atual governo, e citou a melhora das avaliações do Brasil pelas agências internacionais de avaliação de risco. "Todas elas citam o trabalho do BC. Não trabalhamos sozinhos, mas trabalhamos para melhorar a situação do País. O BC é parceiro (do governo). O BC não é oposição, não é partido, é um órgão técnico", completou. "Temos que sair da briga de polarização e fazer o que realmente importa", concluiu.
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