Os analistas do mercado financeiro anteciparam de setembro para agosto a projeção para o primeiro corte da taxa Selic, segundo o Sistema de Expectativas de Mercado, base de dados do Boletim Focus do Banco Central. Para a reunião desta semana, a mediana ainda é de manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o que seria a sétima seguida, mas no encontro seguinte, que ocorre nos dias 1º e 2 de agosto, a maioria dos economistas já prevê queda para 13,50%.
Após a surpresa desinflacionária no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio (0,23%), no mercado de juros futuros, já haviam crescido as apostas de que o início do ciclo de queda da taxa básica de juros deve ocorrer em agosto.
Agora, os participantes da Focus se juntaram à corrente, reagindo aos dados de curto prazo mais favoráveis, mas também à melhora generalizada das expectativas inflacionárias, ainda que permaneçam desancoradas das metas.
Na pesquisa divulgada nesta segunda-feira, a expectativa para o IPCA - índice de inflação oficial - deste ano tombou de 5,42% para 5,12%, uma queda de 0,30 ponto porcentual em apenas uma semana. Para 2024, foco da política monetária, a projeção cedeu de forma modesta, de 4,04% para 4,00%.
Essas variáveis serão usadas no modelo de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central desta semana, o que sugere queda nas projeções oficiais do comitê. Na reunião de maio, estavam em 5,8% para 2023 e 3,6% para 2024 no cenário de referência.
Recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que a inflação deste ano poderia ficar entre 4,5% e 5,0%. Se, oficialmente, a projeção do Copom cair para este nível, poderia ter um efeito, por inércia, em 2024, que é o atual foco da política monetária, aumentando as condições para uma queda de juros em breve.
As expectativas de inflação têm caído em reação a um conjunto de notícias favoráveis. Os dados correntes mostram que a desinflação está em curso, há deflação nos índices de atacado e a moeda brasileira tem se apreciado.
Além disso, a alteração da perspectiva de rating do Brasil pela S&P reduz o prêmio de risco, assim como a melhora na percepção no debate fiscal e da meta de inflação. Na semana passada, ainda houve outra redução dos preços da gasolina nas refinarias.
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