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'Não posso dizer que os últimos 6 anos foram calmos', diz Campos Neto em live de despedida

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os quase seis anos da sua gestão à frente da autarquia foram marcados por vários desafios na condução da política monetária. Em uma live de despedida realizada nesta sexta-feira, 20, no canal d

Célia Froufe e Cícero Cotrim (via Agência Estado)

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Escrito por Célia Froufe e Cícero Cotrim (via Agência Estado)
Publicado em 20.12.2024, 16:14:00 Editado em 20.12.2024, 16:21:25
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os quase seis anos da sua gestão à frente da autarquia foram marcados por vários desafios na condução da política monetária. Em uma live de despedida realizada nesta sexta-feira, 20, no canal do BC, ele recordou os impactos da pandemia de covid-19 e de outros acontecimentos desde 2019.

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"Eu não posso dizer que os últimos seis anos foram calmos - na verdade, eu acho que, se pensarmos todos os tipos de problemas que poderiam ter dado, eu sempre digo que estamos com um álbum de figurinha completo", disse o banqueiro central, citando, além da pandemia, a tragédia de Brumadinho e a crise na Argentina.

Campos Neto recordou que foi o primeiro membro do governo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) a alertar sobre os impactos da pandemia na economia, devido a conversas com outros BCs.

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Também lembrou que a autoridade monetária brasileira foi elogiada por ter reagido rapidamente às mudanças, injetando liquidez no mercado na eclosão da covid-19 e, depois, elevando os juros rapidamente para combater o repique da inflação.

"O Brasil passou muito bem pela pandemia, muito melhor do que vários países, com crédito crescendo dois dígitos durante toda a pandemia", afirmou o presidente do BC. "E, em algum momento, também eu acho que o Banco Central do Brasil enxergou o problema um pouco antes dos outros, ou seja, foi muito capaz de prever o que vinha acontecendo, que era todo esse avalanche de medidas tanto fiscais, quanto monetárias, de enfrentamento à pandemia teriam resultado inflacionário."

Autonomia

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Campos Neto citou a conquista da autonomia institucional como uma das principais mudanças na instituição durante a sua gestão, iniciada em 2019. O banqueiro central disse que esse processo representou um ganho institucional, mas ainda não está terminado.

"Acho que coloca a instituição à frente das pessoas, à frente da ideologia, à frente dos governos, à frente do tempo político, com um tempo diferente do tempo político, com um tempo institucional mais adequado às características necessárias para o cumprimento das nossas missões", disse o presidente do BC, acrescentando que o valor da autonomia foi demonstrado durante a transição no comando da autarquia.

A autonomia operacional do BC foi uma bandeira da gestão de Campos Neto, que tomou para si a tarefa de articular com parlamentares a aprovação da medida. Mesmo assim, o banqueiro central não conseguiu avançar na autonomia financeira. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema está parada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).

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Essa medida deverá ficar nas mãos do futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, que já assume a chefia da autarquia interinamente a partir deste sábado, 21, e definitivamente em 1º de janeiro. O mandato de Campos Neto só termina em 31 de dezembro, mas o banqueiro central anunciou na quinta-feira que entrará em recesso.

Campos Neto ainda defendeu, na live, que o BC tenha um "olhar" para o quadro de funcionários e aprofundar a agenda de qualificação.

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Entre as principais mudanças do seu mandato, Campos Neto também citou o ganho de reconhecimento da sociedade, devido à implementação de produtos como o Pix. Mencionou também a cultura de inovação no BC.

Mencionou, também, o Open Finance e o Drex, a agenda de tecnologia e inovação da autarquia.

Ampliar mercado e reduzir burocracia

O presidente do Banco Central disse ainda que uma das metas da sua gestão foi aprimorar e ampliar o mercado para torná-lo mais eficiente. Isso foi feito tanto por meio da eliminação de burocracias, como com estímulo de fintechs, instituições de pagamento e avanço nos meios de pagamento, afirmou.

"A gente pensou numa agenda de mercado de capitais que tivesse inclusão, competitividade e sustentabilidade", disse Campos Neto. "A gente olhou muito para o microcrédito, para a parte de modernização do câmbio, linhas de liquidez, toda a parte de transparência da instituição. E acho que o que foi mais importante foi o aprofundamento do mercado de capitais."

Campos Neto destacou que a inclusão de médias e grandes empresas no mercado de capitais libera o balanço dos bancos para o financiamento de micro e pequenas empresas. Destacou, também, que o estímulo feito pelo BC ao compartilhamento de dados diminui o custo do crédito, muito relacionado à assimetria de informação.

O banqueiro central também destacou que uma parte da agenda do BC passou por diminuir a concentração bancária, segmentando o fornecimento de serviços.

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