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Na véspera do Copom e do Fed, Ibovespa cai 0,86%, aos 127,4 mil pontos

O Ibovespa seguiu em terreno negativo pelo segundo dia, colocando as perdas em janeiro na casa de 5% nesta penúltima sessão do mês. Caso o porcentual se confirme amanhã, será semelhante à retração do índice em agosto passado (-5,09%), quando o Ibovespa re

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 30.01.2024, 18:34:00 Editado em 30.01.2024, 18:38:21
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O Ibovespa seguiu em terreno negativo pelo segundo dia, colocando as perdas em janeiro na casa de 5% nesta penúltima sessão do mês. Caso o porcentual se confirme amanhã, será semelhante à retração do índice em agosto passado (-5,09%), quando o Ibovespa registrou sua mais longa sequência de perdas diárias - ao todo, 13 -, na série histórica iniciada em 1968. Se vier a superar amanhã o revés de agosto, pode ser o maior recuo para o índice desde fevereiro de 2023, quando havia cedido 7,49%.

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Hoje, o índice oscilou dos 127.104,69 aos 128.492,38 pontos, encerrando a sessão em baixa de 0,86%, aos 127.401,81 pontos, com giro financeiro a R$ 21,8 bilhões, um pouco mais alto do que nas últimas sessões. Na semana, o Ibovespa recua 1,21% e, no mês, cai 5,06%.

Nesta terça-feira, a referência da B3 contou com apoio de poucos papéis entre as blue chips, em especial Santander (Unit +1,00%) - o banco abre a temporada de balanços trimestrais no Brasil, nesta semana. Petrobras, que sustentava leves ganhos mais cedo em dia positivo para o Brent e o WTI, perdeu força e fechou em baixa de 0,45% (ON) e 0,62% (PN).

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Na ponta do índice, destaque para Suzano (+2,56%), Carrefour (+2,51%) e Embraer (+2,46%). No lado oposto, mais uma vez Gol (-26,97%), que se despede hoje da carteira teórica do Ibovespa, após queda livre da ação desde que a empresa entrou em recuperação pelo Chapter 11, na Justiça dos Estados Unidos. Destaque também para Casas Bahia (-8,32%) e Braskem (-5,64%) na ponta perdedora.

"Em véspera de decisão sobre juros do Federal Reserve, nos EUA, e do Copom, no Brasil, o dia foi de espera na Bolsa - que segue em realização de lucros, muito por conta da questão fiscal, com o rombo nas contas públicas no ano passado de R$ 230,5 bilhões deixando o mercado ainda um pouco desconfortável", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. "Foi um dia sem grandes novidades e destaques, aguardando definição mais clara sobre o início dos cortes de juros nos EUA para que o volume possa voltar", acrescenta.

A ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, manteve o sinal negativo nesta terça-feira (-0,56%), chegando ao fim do mês com perda acumulada de 10,91%. O Bank of America (BofA) avalia que a Vale reportou, ontem à noite, números de produção de minério de ferro "fortes" no quarto trimestre de 2023. Com base no relatório divulgado pela companhia, o banco reitera que a empresa deve apresentar Ebitda de cerca de US$ 6,5 bilhões no balanço do último trimestre do ano passado.

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Para outro grande banco americano, o Goldman Sachs, os números vieram essencialmente em linha com o esperado - o que embasaria a reação neutra do mercado aos dados de produção e vendas do trimestre.

Apesar de o relatório da Vale em geral ter vindo dentro das expectativas, a ação acabou refletindo também o minério de ferro, que fechou esta terça-feira em baixa de 1,76% em Dalian. Prevalecem ainda preocupações sobre a demanda pelo insumo em meio à crise imobiliária na China, após a liquidação da antiga gigante do setor, Evergrande, pela Justiça de Hong Kong na abertura da semana.

O sócio-fundador da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, avalia que a China não passará por quebra abrupta equivalente à crise gerada pelo colapso do Lehman Brothers em 2008, nos EUA. Ele estima que as taxas de crescimento chinesas serão cada vez menores, em queda lenta e gradual, e que o país asiático exportará deflação para o mundo todo. "A China vai se convencer de que o menor dos males é desvalorizar a própria moeda", disse Stuhlberger em evento do UBS nesta terça-feira, reportam os jornalistas Altamiro Silva Jr. e Aramis Merki II, doBroadcast.

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Na B3, "além das questões sobre sucessão na mineradora, China é naturalmente o nome do jogo para Vale, que está com valuation atrativo - mas sofre com a incerteza, a falta de clareza sobre o ritmo da economia chinesa, o que dificulta a volta ao papel nesse momento", diz Naio Ino, gestor de renda variável na Western Asset.

Em outro desdobramento recente relacionado à mineradora, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse hoje que a cobrança de R$ 25,7 bilhões da Vale pelo governo federal não tem relação com a tentativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da mineradora. O ministério dos Transportes notificou a Vale na última sexta-feira, 26, como mostrou oEstadão/Broadcast, por outorgas não pagas na renovação antecipada dos contratos das Estradas de Ferro Carajás e Vitória Minas. "O que fizemos foi cumprir recomendação do TCU Tribunal de Contas da União", disse Renan Filho.

Olhando o Ibovespa como um todo e o quadro macroeconômico, Naio Ino, da Western Asset, destaca que, amanhã, os sinais do Federal Reserve sobre a orientação da política monetária serão fundamentais para eventual ajuste da curva de juros dos Estados Unidos, o que teria efeito global - lembrando que o cenário de corte de juros do Fed, na reunião de março, passou de 70%, no início do ano, para fatia minoritária das apostas, agora na casa de 40%, com a curva futura nos EUA tendo deslocado para maio a expectativa pela redução inicial, na visão do mercado.

"No quadro mais amplo, esta é a questão essencial. Houve uma correção neste início de ano em relação ao otimismo do fim de 2023, e o gringo, que então comprava ação na B3, passou a vender, resultando nesse fluxo de saída em janeiro", diz Naio, acrescentando que, em dólar, a depreciação da Bolsa brasileira está em torno de 6,5% no mês, com o estrangeiro aproveitando para embolsar parte do dinheiro obtido em um mercado 'outperformer entre os emergentes no ano passado.

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