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Morre, aos 82 anos, o banqueiro Joseph Safra

O banqueiro Joseph Safra morreu nesta quinta-feira, 10, aos 82 anos. Sem fazer barulho, ele construiu um império bancário com presença em 25 países e mais de R$ 1 trilhão sob gestão. O ranking mais recente da revista Forbes apresenta Safra com um patrimôn

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 10.12.2020, 10:06:00 Editado em 10.12.2020, 10:12:06
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O banqueiro Joseph Safra morreu nesta quinta-feira, 10, aos 82 anos. Sem fazer barulho, ele construiu um império bancário com presença em 25 países e mais de R$ 1 trilhão sob gestão. O ranking mais recente da revista Forbes apresenta Safra com um patrimônio de US$ 23,2 bilhões. Estava no topo da lista como homem mais rico do Brasil e como 63º do mundo. O sepultamento será nesta quinta, às 13h, no cemitério Butantã, na zona oeste de São Paulo, para parentes e amigos próximos.

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Com mal de Parkinson, mesma doença que acometeu dois de seus irmãos, ele passou os últimos anos na Suíça, ao lado da mulher Vicky, com quem teve quatro filhos. Apesar de debilitado, ainda se mantinha presente no dia a dia dos negócios.

Por décadas, foi Joseph, conhecido entre os funcionários por "seu José", que comandou o banco fundado por seu pai em 1955. Sempre foi o mais conservador dos irmãos - um concorrente já o definiu ao Financial Times como um banqueiro que só empresta para quem não precisa de dinheiro. Ele era mesmo um dos preferidos dos milionários.

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A cultura que Joseph impôs nos negócios da família imprimiu na marca Safra uma imagem de solidez e de que o banco é blindado a crises. Ao mesmo tempo, também fez com que o grupo demorasse mais do que os concorrentes para se ajustar às inovações do mercado. Enquanto fazia negócios mundo afora, Joseph Safra também se dedicou à filantropia. Foi um dos maiores doadores dos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, em São Paulo. À Pinacoteca, ele doou esculturas de Rodin e ao Museu de Israel, em Jerusalém, o manuscrito original da Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Durante a pandemia da covid-19, o banco doou cerca de R$ 40 milhões para hospitais e Santas Casas.

A dinastia Safra

Joseph Safra é da quarta geração de uma tradicional família de banqueiros, com origem na Síria, que começou financiando o comércio entre as cidades de Aleppo, Constantinopla e Alexandria. Jacob, pai de Joseph, mudou-se para o Líbano depois da Primeira Guerra Mundial e abriu o Jacob Maison de Banque em Beirute. Foi lá que Joseph nasceu, em 1938.

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A vinda para o Brasil, na década de 1950, tem relação com a perseguição aos judeus no Oriente Médio, após a criação do Estado de Israel. Joseph contou certa vez que seu pai migrou com a família buscando um refúgio, porque acreditava que a terceira guerra não demoraria a começar.

Antes de se juntar aos pais e irmãos em São Paulo, Joseph Safra concluiu os estudos na Inglaterra e chegou a trabalhar no Bank of America, nos EUA. Edmond, o mais velho dos nove irmãos, assumiu os negócios da família no exterior, enquanto Moise e Joseph ajudavam Jacob no Brasil.

Em 1999, Edmond Safra foi assassinado no apartamento onde vivia com a mulher Lilly, em Mônaco, após um incêndio criminoso provocado por um de seus enfermeiros. A morte desencadeou uma briga familiar em torno da herança.

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Sem chegar a um acordo para que Moise vendesse sua participação no banco, Joseph fundou o J. Safra, com as mesmas características e para atender aos mesmos clientes. Os dois só chegariam a um acordo em 2006.

A essa altura, perto de completar 70 anos, Joseph já começava a colocar em curso seu plano de sucessão, para entregar o comando dos negócios aos filhos Jacob, Alberto e David (Esther chegou a trabalhar durante um ano do banco, e hoje é dona da escola judaica Beit Yaacov, em São Paulo). A troca de bastão, no entanto, acabou sendo adiada por causa da crise financeira global.

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Mesmo nas grandes crises financeiras, o banco nunca precisou de socorro do governo. Mas, nos bastidores, o banqueiro sempre esteve perto do poder.

Expansão sem estardalhaço

Nos anos seguintes à crise global, com a discrição que lhe é peculiar, Joseph surpreenderia o mercado com o anúncio de grandes negócios. Em 2012, comprou o banco suíço Sarasin, dobrando o volume de recursos sob sua administração. Dois anos depois, junto com o empresário brasileiro José Luís Cutrale, entrou na disputa (e ganhou) por uma das maiores produtoras de bananas do mundo, a americana Chiquita Brands International, adquirida por US$ 1,3 bilhão.

Hoje, o conglomerado da família Safra inclui, além de bancos na Suíça, no Brasil e em Nova York, mais de 200 imóveis ao redor do mundo, entre eles o famoso Gherkin Building em Londres.

A área internacional está sob o comando de Jacob, o filho mais velho de Joseph. No Brasil, David e Alberto dividiram a gestão do banco por seis anos até o fim de 2019. Por desentendimentos com o irmão, Alberto deixou a instituição e abriu a gestora de recursos ASA Investments.

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