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Mercado vê Selic 'congelada' em 2024 depois de decisão do Copom

O teor do comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central após manter a Selic em 10,5%, em reunião na quarta-feira, 19, reforçou no mercado financeiro a percepção de que a taxa básica de deverá permanecer nesse patamar até

Daniel Tozzi Mendes, Mariana Gualter e Gabriela Jucá e Victor Ohana e Sofia Aguiar (via Agência Estado)

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Escrito por Daniel Tozzi Mendes, Mariana Gualter e Gabriela Jucá e Victor Ohana e Sofia Aguiar (via Agência Estado)
Publicado em 21.06.2024, 07:36:00 Editado em 21.06.2024, 07:44:51
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O teor do comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central após manter a Selic em 10,5%, em reunião na quarta-feira, 19, reforçou no mercado financeiro a percepção de que a taxa básica de deverá permanecer nesse patamar até o fim do ano. Esse é o cenário projetado por 35 de um total de 42 casas (83%) consultadas pelo Projeções Broadcast.

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O fato de a decisão ter sido referendada por todos os diretores do colegiado também foi bem recebido pelos agentes do mercado, que avaliam que o movimento poderá corrigir a "desancoragem" das projeções para a inflação, isto é, aproximá-las da meta oficial de inflação. "Por ora, reduziu boa parte daqueles ruídos que ficaram da reunião passada", afirma o sócio e economista sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto.

Ele se refere ao encontro do Copom de maio, quando os quatro diretores do BC já indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votaram por um corte de 0,5 ponto porcentual da Selic. Prevaleceu a posição dos cinco outros diretores por um corte de 0,25 ponto, mas o episódio levou o mercado a projetar o risco de um BC mais leniente com a inflação depois da saída do atual presidente, Roberto Campos Neto, em dezembro.

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Para 2025, contudo, a retomada do afrouxamento segue na mesa, de acordo com o economista da Tendências, que prevê juro básico de 9,50% no fim do ano que vem. Ele ressalta que esse cenário está condicionado à materialização dos cortes de juros nos Estados Unidos ainda neste ano e a iniciativas do governo federal de maior controle fiscal, além de uma "transição bem feita" no comando do BC.

A avaliação é, em boa parte, corroborada pelo economista Danilo Passos, da WHG. Ele, que já previa Selic estável em 10,50% até o fim de 2024, avaliou o comunicado divulgado pelo Copom como neutro e equilibrado. "A comunicação do BC mostra que a estratégia que eles vão adotar, pelo menos nas próximas reuniões, é realmente a de segurar a Selic parada por um tempo para observar o desenvolvimento externo e doméstico", diz. A WHG prevê que os cortes da Selic retornem em 2025, levando a taxa a 9,75%.

'Moderação'

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No comunicado divulgado após a reunião, o Copom afirmou que "as conjunturas doméstica e internacional" justificam neste momento "serenidade e moderação". "A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas da inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária."

No caso da economia doméstica, o comunicado destaca que o mercado de trabalho segue "apresentando dinamismo maior do que o esperado" e que existe "uma maior resiliência na inflação de serviços". A questão fiscal voltou a ser mencionada pelo Copom: "O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária".

Algumas casas, porém, não veem por ora espaço para retomada do afrouxamento nem em 2025, como o Banco Citi, Itaú Unibanco e a XP Investimentos. Em relatório, o Citi avaliou que a inclusão de um cenário alternativo do BC foi o principal destaque do comunicado, e reforçou a visão "mais agressiva" que o banco tem para a política monetária.

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Já o economista-chefe da XP, Caio Megale, destacou, em áudio enviado a clientes, que o ambiente "se tornou mais complexo" desde a reunião de maio, com destaque para a deterioração dos "fundamentos ligados à inflação", o que sugere uma cautela maior do BC. "O Copom sinalizou claramente que esse juro tem de ficar nesse patamar por um bom tempo, para garantir a convergência à meta", disse Megale, citando também que essa visão foi reforçada pela apresentação do cenário alternativo de inflação do colegiado.

Lula

Um dia depois da decisão do Copom, Lula voltou a atacar a política monetária mantida pelo Banco Central. Segundo ele, a decisão "foi uma pena" para o País. O presidente também acusou os bancos privados de preferirem "ganhar dinheiro com a alta taxa de juros", em vez de aumentar a oferta de crédito. As novas declarações foram dadas em entrevista à Radio Verdinha, do Ceará, e tiveram impacto no mercado de câmbio.

"Então, foi uma pena. Foi uma pena que o Copom manteve (a Selic), porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Porque, quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro. E isso tem de ser tratado como gasto", disse Lula. "Eu não vejo o mercado falar das pessoas que necessitam do Estado."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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