O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou como "boa" a iniciativa do Conselho de Previdência Social (CPS) de baixar a taxa de juro cobrada pelos bancos na concessão crédito consignado às pessoas cadastradas no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Lula, no entanto, criticou a postura do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, de implementar a medida sem que antes fosse negociada com os bancos privados e tivesse seu anúncio acertado com a Casa Civil.
"Uma coisa que poderia ser boa, 100% favorável, criou um clima de insatisfação nos bancos que precisavam ter se preparado. Não pode baixar com a facilidade que eles querem que baixe. De qualquer forma, a tese é boa e agora nós vamos ver como a gente consegue fazer para que que os juros baixem de verdade", afirmou Lula.
Em menos de uma semana, o governo precisou se mobilizar para frear a reação dos bancos públicos e privados à medida adotada por Lupi.
As instituições suspenderam os empréstimos para aposentados e pensionistas devido ao teto mais baixo imposto pelo governo. A taxa, que antes era 2,14%, caiu para 1,70% por decisão do CPS, que é presidido por Lupi.
Lula afirmou em entrevista ao site Brasil 247 que, diferente do que foi feito por Lupi, era preciso que o governo conduzisse um "acerto" entre a as pastas da Previdência, da Fazenda, do Planejamento e os bancos públicos e privados.
O presidente chegou a criticar a taxa de juro cobrada pelos bancos, mas centrou as criticas no papel de Lupi ao criar mais uma crise interna no governo.
"Você não precisa cobrar um juro tão alto. Mas, ao invés de anunciar, - porque eu acho que era uma coisa correta você tentar baixar a taxa de juro não apenas no Banco do Brasil -, (era preciso) discutir inclusive com o sistema financeiro que empresta crédito consignado", afirmou Lula.
Na segunda-feira, 20, o ministro Rui Costa (Casa Civil), Lupi e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, discutiram uma fórmula para solucionar a questão e evitar que a operação continue suspensa pela maior parte dos bancos, incluindo públicos, como BB e Caixa, e privados, como Itaú Unibanco.
Participaram do encontro também as presidentes da Caixa, Rita Serrano, e do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.
Na reunião, os ministros concordaram quanto à necessidade de o governo adotar um "meio-termo", que oscilaria entre 1,8% e 2% de juro, mas não houve acordo sobre o patamar e tampouco quando a medida entraria em vigor.
A falta de acordo levará os titulares das pastas a se reunir novamente na próxima sexta-feira, 24, e desta vez contará com a presença de representantes do sistema financeiro, dos bancos e do governo. Esta reunião também se dará depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide sobre os rumos da taxa básica de juros na quarta-feira, 22.
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) coordenará um grupo de trabalho com técnicos de bancos públicos e privados para chegar a uma solução e debelar o impasse com Lupi.
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