O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar hoje a manutenção da taxa básica de juros do País, a Selic, pelo Banco Central (BC) no nível de 13,75% ao ano, e disse que ela inibe os investimentos e o crescimento econômico. Lula afirmou que os empresários, varejistas e a população já não suportam mais a atual marca da Selic, e que isso tem levado à quebra de empresas.
O presidente negou que bata no Banco Central, e afirmou que apenas discorda da política adotada pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto. "Discordo da política, não concordo com juro a 13,75%. Você nunca me viu bater no BC, não bato porque não é gente, é banco", completou, em declaração à imprensa após participar hoje da cerimônia de coroação do Rei Charles III, no Reino Unido.
Além de criticar o atual nível da Selic, Lula referiu-se diretamente a Campos Neto, ao afirmar que o presidente do BC não tem compromisso com o País e com a economia, mas com o governo anterior, que o indicou.
"Esse cidadão não tem nenhum compromisso comigo, ele tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo, que o indicou", disse. "Ele tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juros alta."
Lula citou ainda afirmação recente de Campos Neto, segundo a qual para atingir a meta de 3% de inflação, a taxa de juros teria que superar 20%. "Tá louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade."
De acordo com o chefe do Executivo, o Banco Central tem autonomia, mas "não é intocável", e afirmou que não discute o assunto.
Lula disse que quando Henrique Meirelles comandava o Banco Central tinha mais autonomia que Campos Neto atualmente, e que quando a autoridade monetária aumentava a Selic, mexia na Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), para incentivar o crédito à indústria. "Se quisermos gerar empregos, precisamos ter crédito. Preciso de um país que tenha o Banco do Brasil com capacidade de emprestar. Tenho que ter a Caixa Econômica com capacidade de emprestar; o BNDES com capacidade de emprestar. Se não tiver dinheiro circulando, não tem desenvolvimento econômico."
O presidente também se mostrou confiante no crescimento econômico. Segundo ele, o governo está colocando dinheiro na "veia" do trabalhador, que consome e faz a economia girar. "Se o dinheiro não estiver na mão do trabalhador, não tem emprego em lugar nenhum do mundo."
Segundo Lula, se for preciso, negociará com empresários para reduzir preços. Citou que os preços dos automóveis populares hoje estão impraticáveis, acima de R$ 70 mil.
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