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'Lula deve fazer governo como o do 1º mandato', diz Eduardo Giannetti

Na avaliação do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, vem dando sinais de que, se eleito, deve fazer um governo parecido com o seu primeiro mandato. Os indícios, de acordo com ele

Luiz Guilherme Gerbelli (via Agência Estado)

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Escrito por Luiz Guilherme Gerbelli (via Agência Estado)
Publicado em 05.10.2022, 17:00:00 Editado em 05.10.2022, 17:07:26
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Na avaliação do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, vem dando sinais de que, se eleito, deve fazer um governo parecido com o seu primeiro mandato. Os indícios, de acordo com ele, são a escolha de Geraldo Alckmin para a chapa presidencial, a reaproximação com Marina Silva (Rede) e o apoio de Henrique Meirelles.

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Giannetti, que assessorou Marina Silva nas campanhas presidenciais, afirma que vai votar em Lula no segundo turno e prevê uma disputa acirrada, embora veja o petista com mais chances de vencer. "Ele (Lula) é claramente favorito, porque está com uma vantagem de 6 milhões de votos."

A seguir, os principais trechos da entrevista ao Estadão.

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Como o Brasil sai das urnas?

A gente tem de reconhecer que, numa eleição complexa, num país vasto e continental como o Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral e o eleitorado brasileiro estão de parabéns, porque foi uma eleição muito civilizada. Em relação à disputa presidencial, não houve tanta surpresa à luz do que os institutos de pesquisa vinham indicando.

Nem com o porcentual obtido por Bolsonaro?

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O Bolsonaro teve uma votação um pouco maior do que o previsto, e o Lula teve um desempenho muito perto do que estava se imaginando por todas as pesquisas. Mas essa diferença (das pesquisas) não é só um fenômeno brasileiro. Nas duas eleições do Trump, os institutos de pesquisa americanos não conseguiram prever corretamente o que aconteceu na eleição. No primeiro caso, havia uma quase certeza da vitória da Hillary Clinton, que perdeu. No segundo caso, dava-se uma margem tranquila de vitória para o Biden, mas a eleição foi apertada.

O Lula é favorito?

Ele claramente é favorito, porque está com uma vantagem de 6 milhões de votos. E os votos da Simone Tebet e do Ciro Gomes, devem, predominantemente, migrar para Lula.

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No caso de vitória de Lula, como ele conseguiria implementar sua agenda com um Congresso mais à direta?

O resultado do Congresso certamente dificulta a governabilidade de um eventual governo Lula, especialmente no caso do Senado, em que houve uma vitória expressiva das forças alinhadas com o bolsonarismo. Mas é preciso lembrar que um presidente recém-eleito tem um grande capital político no início do mandato.

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E um cenário de governo Bolsonaro?

O que me preocupa muito em relação ao eventual segundo mandato de Bolsonaro é que a maioria que ele passará a ter no Senado permite iniciar um processo de impeachment no Supremo Tribunal Federal, além de indicar novos ministros.

Nos últimos quatro anos, o País viu as instituições sendo testadas, mas respondendo. Você acha que isso não aconteceria num segundo mandato do Bolsonaro?

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Eu acho que o risco cresce substancialmente. O Bolsonaro revigorado nas urnas vai se sentir muito mais autorizado para poder fazer coisas que não pôde no primeiro mandato.

E qual seria o impacto disso na economia?

Seja qual for o governo eleito, ele vai herdar uma situação fiscal muito delicada. O governo Bolsonaro, que assumiu com um discurso de equilíbrio fiscal e de austeridade, ao longo do mandato foi sofrendo uma guinada vertiginosa.

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Nenhum dos candidatos deixa claro qual será a sua política fiscal.

Eu já participei da coordenação de programas de governo em campanha. Entendo a dificuldade de ser claro e específico num assunto tão delicado como é esse da âncora fiscal. Mas entendo que o Lula mostrou que caminha para um governo mais parecido com o que foi o primeiro mandato dele.

Quais são esses indícios?

Primeiro, a presença do Alckmin como vice e com autoridade na campanha. Segundo, o apoio da Marina Silva com base num acordo não apenas de eleição, mas de programa para o meio ambiente. E, por fim, aquele encontro com os presidenciáveis no qual esteve presente Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central no primeiro mandato do Lula. É um Lula que preservou o tripé macroeconômico e, para surpresa de tantos, aumentou o superávit primário em relação ao que vinha sendo praticado no segundo mandato Fernando Henrique Cardoso.

A eleição marcou a reaproximação da Marina Silva com o Lula. Isso te leva a votar nele também neste segundo turno?

Eu jamais vou votar num candidato que elogia torturador, que faz vistas grossas para a destruição do nosso patrimônio ambiental, que não tem o menor apreço pelo conhecimento, pela educação, pela cultura, que ameaça a democracia e que teve um papel simplesmente desastroso, para não dizer trágico, na gestão da pandemia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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