A Ligga, uma das vencedoras do último leilão do 5G, vai iniciar sua operação de internet móvel na Região Norte neste ano, por meio de um modelo de negócios inovador, com parcerias. A companhia vai "emprestar" a faixa de 3,5 Ghz arrematada no leilão para os provedores locais de banda larga interessados em oferecer a internet móvel 5G aos clientes da região.
O projeto terá uma empresa atuando como intermediária, responsável pela instalação de torres e antenas, bem como pelo gerenciamento do sinal que será acessado pelos provedores. Essa habilitadora será a ISP Brasil, uma sociedade com empresários e investidores do ramo de telecom.
A ISP Brasil ficará responsável por construir a infraestrutura na região conforme os compromissos regulatórios assumidos pela Ligga ao arrematar a faixa de 3,5 Ghz no leilão de 2022. A Ligga ficará ainda com um porcentual da receita dos planos de internet móvel comercializados pelos provedores.
O modelo é considerado inovador porque, pela primeira vez, uma empresa vencedora do leilão de frequências públicas poderá entregar a um terceiro a responsabilidade pela instalação das antenas e a prestação do serviço ao consumidor final - algo que não foi permitido nos leilões anteriores da Anatel.
"Vamos aproveitar a nossa licença de uso da faixa e a infraestrutura dos provedores locais para criar novos serviços", afirmou o vice-presidente da Ligga, Rafael Marquez. "Conseguiremos não só cumprir nossa obrigação regulatória quanto chegar a localidades onde sozinhos teríamos dificuldades de chegar. É muito difícil começar uma operação do zero. E o provedor local também não conseguiria lançar a internet móvel sozinho".
"O edital do último leilão do 5G teve um benefício que mais nenhum trouxe: a possibilidade de cumprir obrigações via terceiros. Foi uma forma de a Anatel fomentar o ecossistema como um todo e permitir parcerias a fim de cumprir a política pública", disse o diretor de Assuntos Institucionais e Regulatórios da Ligga, Vitor Menezes, que foi secretário executivo do Ministério das Comunicações e superintendente da própria Anatel.
A Ligga é controlada pelo fundo Bourdeux Participações, ligado ao empresário Nelson Tanure. A companhia foi formada a partir das aquisições da Copel Telecom, Sercomtel, Horizons e Nova Fibra. Em 2022, a Ligga obteve licenças para oferecer 5G no Paraná e em São Paulo, além de Estados da Região Norte, com previsão de investimentos acima da faixa de R$ 1 bilhão. Como contrapartida ao uso da faixa de 3,5 ghz, o grupo assumiu o compromisso de instalar cerca de 800 antenas em 300 cidades espalhadas pela Região Norte, entre os anos de 2026 e 2029.
"O interesse deles provedores de entrar no mercado de internet móvel é tão grande que não temos preocupação de não cumprir esse cronograma de instalação das antenas. Deve até acontecer antes do prazo final", estimou Marquez. Depois da Região Norte, a intenção da Ligga é de replicar o modelo nos Estados de São Paulo e Paraná, onde também detém autorização para atuar.
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