O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Alemanha, Joachim Nagel, afirmou nesta quinta-feira, 29, que os países precisam encontrar uma "solução legal sólida" para utilizar os ativos russos congelados pela União Europeia (UE). No entanto, ele revelou que ocorreram "discussões intensas" durante as reuniões do G20 Brasil e que o assunto seguirá sendo discutido pelas autoridades globais.
Entretanto, Nagel defendeu que os líderes precisam endereçar de algum modo a guerra na Ucrânia. "Isso nos libertaria de muitos problemas econômicos e poderíamos voltar a nossa atenção para as verdadeiras questões do futuro", afirmou.
Os comentários foram realizados durante coletiva de imprensa nos arredores do G20 Brasil, ao lado do ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner. Este, por sua vez, também expressou preocupação com a ideia de redirecionar os ativos, mas ressaltou que a UE está "fortemente unida" contra a Rússia, e em busca de outras soluções para o uso dos ativos, como a cobrança de impostos sobre os lucros, medida apoiada por outros líderes europeus.
No evento, Nagel não comentou muito sobre política monetária, repetindo a constatação de que ainda é cedo demais para cortar juros, e ressaltou que é necessário controlar a inflação global para atingir os objetivos, da agenda brasileira, de reduzir a desigualdade.
"A maior contribuição que a política monetária pode fazer para reduzir a desigualdade é, claramente, conquistar uma inflação baixa".
Nagel também falou sobre a importância da integração dos mercados de capitais na zona do euro e sobre as preocupações com possível contágio dos bancos pelo estresse do setor imobiliário comercial. "Do ponto de vista do BC, o que importa é como o setor financeiro está posicionado. E os bancos estão melhor capitalizados e têm forte posição de liquidez, o que ajuda particularmente no gerenciamento dos riscos de alta exposição", afirmou, alertando que, ainda assim, é um problema a ser monitorado.
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