O economista americano e vencedor do Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman disse que o fato de a inflação nas economias globais ter desacelerado sem causar recessões dificulta a redução dos juros. De acordo com ele, este cenário deixa as autoridades monetárias com medo de causar um superaquecimento da economia, e portanto da inflação, caso cortem os juros no curto prazo.
"A economia tem sido muito resiliente diante da alta dos juros. É bom saber que não vimos uma recessão até agora", disse ele durante participação na Fides 2023, evento internacional do mercado de seguros que acontece no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 26. "Os reguladores podem comemorar, mas o fato de que as economias não desaceleraram faz com que tenham medo de reduzir juros, porque a economia pode superaquecer, então se fala em manter os juros mais altos por mais tempo, ou então para sempre."
Segundo ele, é "surreal" o fato de que o aperto monetário global não levou a recessões nas maiores economias do mundo. Krugman afirmou que provavelmente a inflação de fato era transitória, embora mais duradoura do que se esperaria ao dizer que era temporária.
Na visão do Nobel de Economia, preços de alimentos e de energia não são as melhores medidas da alta de preços no período pós-pandemia, porque são mais voláteis. De acordo com ele, isso faz com que os países comecem a buscar novas leituras sobre os índices inflacionários.
"A maior parte dos países agora também calcula algum tipo de núcleo inflacionário, o que ajuda a extrair um sinal dos ruídos", afirmou ele.
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