Os juros futuros fecharam em leve alta, em movimento de correção viabilizado pelo noticiário escasso e agenda esvaziada. O ambiente externo, hoje de indefinição, não serviu de parâmetro, com retornos dos Treasuries em desempenho misto, assim como o comportamento do dólar ante moedas emergentes. A liquidez foi fraca, refletindo ainda o compasso de espera pela agenda da semana, com dados de inflação aqui e no exterior.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,82%, de 12,779% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,68% para 10,77%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,16%, de 10,10%. A do DI para janeiro de 2029 avançou de 10,44% para 10,50%.
Após as taxas terem recuado na sexta-feira, a disposição para alguma recomposição dos prêmios foi vista hoje desde a abertura, quando o ambiente internacional já estava nublado e o dólar operava pressionado ante o real. Mas, sem uma referência forte, a trajetória altista era limitada também pela perspectiva de IPCA amanhã e, na sequência, pela divulgação dos índices de inflação ao consumidor e ao produtor dos Estados Unidos (CPI e PPI, em inglês), que não recomendavam assumir posições mais firmes.
Ariane Benedito, economista da Esh Capital, acredita que parte do mercado pode ter montado posições defensivas ante o risco de o IPCA de junho amanhã vir acima do consenso de deflação e de um CPI forte nos EUA na quarta-feira. "Este não é o índice queridinho do Fed, mas pode ter impacto nos ativos", disse a economista, lembrando que hoje diretores da instituição defenderam mais duas altas de juros no país este ano.
Para o IPCA, a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de -0,10%, ante alta de 0,23% registrada em maio. "Se isso se confirmar, há espaço para a pressão de alta vista hoje ser dissipada", prevê a economista.
A depender também da leitura dos preços de abertura do indicador, poderá haver um redesenho nas apostas para a Selic no que se refere à dose do primeiro corte e no orçamento total. A ideia de que o início da flexibilização se dará em agosto parece consolidada ao menos nas mesa de renda fixa. "Ainda está nebuloso se o Copom começará com 0,25 ou com 0,50 ponto porcentual, muito em função desse discurso do BC, de cautela e parcimônia", afirmou Ariane Benedito.
Na Pesquisa Focus divulgada nesta manhã, não houve mudança para as medianas de expectativas para a Selic em 2023 (12,00%), 2024 (9,6%) e 2025 (9,00%), enquanto a de 2026 subiu de 8,63% para 8,75% ante o Boletim da semana passada. Pelo lado da inflação, a forte melhora nas expectativas vistas na semana passada não se repetiu na edição de hoje, com exceção da mediana de IPCA para 2023 (4,98% para 4,95%), ano que vai perdendo relevância no horizonte da política monetária.
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