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Juros: Taxas sobem pressionadas por China, Argentina e piora do risco político

Os juros futuros fecharam a sessão em alta, contaminados principalmente pela tensão do cenário internacional, por sua vez decorrente das preocupações com a economia da China e sinais de instabilidade política na América Latina. Internamente, há desconfort

Denise Abarca (via Agência Estado)

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Escrito por Denise Abarca (via Agência Estado)
Publicado em 14.08.2023, 18:18:00 Editado em 14.08.2023, 18:22:44
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Os juros futuros fecharam a sessão em alta, contaminados principalmente pela tensão do cenário internacional, por sua vez decorrente das preocupações com a economia da China e sinais de instabilidade política na América Latina. Internamente, há desconforto com a demora na tramitação das reformas no Congresso, em meio ao estremecimento das relações entre Executivo e Legislativo, além da expectativa pelo ajuste nos preços de combustíveis com impacto sobre a inflação. As taxas foram diretamente contaminadas pela deterioração do câmbio e abertura das curvas globais.

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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,450%, de 12,418% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025, em 10,45%, de 10,31%. A taxa do DI para janeiro de 2027 subiu de 9,98% para 10,14%. E a do DI para janeiro de 2029, de 10,53% para 10,68%.

A pressão sobre as taxas foi vista desde a abertura e, no fim da tarde, apenas a do DI para janeiro de 2026 (9,97%) ainda se mantinha na casa de um dígito. O gatilho para o mal humor dos mercados foi a decisão da incorporadora chinesa Country Garden de interromper as negociações de títulos de dívida onshore a partir de hoje, renovando preocupações sobre o setor imobiliário do país e aumentando as dúvidas sobre se o governo conseguirá contornar a situação.

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A busca por ativos seguros acabou fortalecendo o dólar, que no Brasil chegou a R$ 4,97 nas máximas do dia. "O câmbio nestes níveis reduz as chances de o Copom acelerar o ritmo de corte da Selic", alerta o economista da Guide Investimentos Victor Beyruti.

Num ambiente já de maior ceticismo com a ampliação dos cortes da Selic e cautela com o exterior, as taxas futuras bateram máximas durante as declarações da diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central (BC), Fernanda Guardado, na live semanal do BC, consideradas na linha mais hawkish. "A economia está apresentando uma desinflação, uma desinflação lenta, que a gente espera que traga para convergência para a nossa meta de inflação de 3% lá no início de 2025", disse. Guardado foi um dos votos em defesa do recuo de 0,25 ponto porcentual da Selic no último Copom.

"Ela está ainda cautelosa, vendo inflação na meta só em 2025. Mas na minha leitura não muda o plano de voo, é de 50 em 50 pontos. Vejo mais como um recado de que não pretendem acelerar para 75", afirmou a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destacando que, "a fala da diretora não ajudou, mas o mundo já estava ruim com a China e a Argentina".

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No país vizinho, o populista de extrema direita Javier Milei abalou o establishment político ao emergir como o mais votado das eleições primárias, que servem para escolher as chapas que vão disputar o pleito presidencial de outubro. "Essa questão eleitoral da Argentina traz mais pressão sobre a instabilidade política na América Latina depois do assassinato do candidato à presidência do Equador", disse o economista da Guide. Fernando Villavicencio, de 59 anos, foi morto na última quarta-feira (9), após um ato de campanha em Quito com três tiros na cabeça.

Ainda no âmbito externo, os retornos dos Treasuries subiram hoje e o da T-note de 10 anos chegou a renovar máxima em nove meses. No fim da tarde, o juro da T-note de 10 anos subia a 4,189%.

Internamente, mesmo com o recuo do petróleo nesta segunda-feira, o mercado segue na expectativa pelo reajuste de combustíveis pela Petrobras, esperado para ainda semana, e incomodado com a falta de progresso na agenda das reformas. "A volta do recesso não trouxe novidades, nenhuma solução", disse Beyruti.

A reforma tributária está parada no Senado e texto do arcabouço voltou para a Câmara, onde aguarda votação. A falta de evolução das pautas econômicas tem sido atribuída à indefinição na reforma ministerial, com o Centrão pressionando Executivo por cargos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que "a Câmara dos Deputados tem um poder muito grande", que ele nunca tinha visto "na vida". Incomodado com a fala de Haddad, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cancelou a reunião que ocorreria hoje à noite com o relator do novo arcabouço fiscal, Claudio Cajado (PP-BA), líderes partidários e técnicos da equipe econômica para discutir as mudanças feitas pelo Senado no texto do projeto.

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