Os juros futuros fecharam em alta firme, vista desde a abertura, amparada nos ajustes aos comunicados do Federal Reserve e do Copom. Enquanto a mensagem do Copom tentou esfriar as apostas na aceleração do ritmo de queda da Selic, o Fed sugeriu juros elevados por mais tempo nos EUA e manteve na mesa a possibilidade de novos aumentos ainda este ano.
A ponta curta subiu menos do que a longa, com ganho de inclinação atribuído especialmente ao ambiente internacional, marcado pelo avanço dos retornos dos Treasuries e do dólar. Nesse ambiente de cautela, o Tesouro optou por não adicionar pressão à curva, trazendo lotes menores no leilão de prefixados.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,56%, de 10,48% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,55%, de 10,39% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 cruzou novamente a linha dos 11%, marcando 11,10%, de 10,93% ontem.
Não fosse o "efeito Fed", a curva teria perdido inclinação considerando o comunicado do Copom considerado "hakwish", que buscou colocar um freio à ideia de ampliação na magnitude dos cortes da taxa básica para 0,75 ponto ao menos no curto prazo.
A decisão de reduzir a Selic para 12,75% estava precificada, mas o mercado alimentava esperanças de que se a melhora da inflação subjacente vista nos últimos índices de preços se consolidasse haveria espaço para doses maiores de corte, na medida em que também se espera que a atividade responda mais fortemente ao aperto monetário.
Mas os diretores relativizaram o alívio da inflação subjacente, destacaram a resiliência da atividade e o ambiente externo incerto, com aumento dos juros longos nos EUA e perspectiva de menor crescimento na China. De quebra, reforçaram a importância da firme persecução das metas fiscais, o que foi lido como um recado à Fazenda e ao Congresso.
"O Comitê reconhece que a conjuntura atual segue sendo marcada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação que apresentam apenas uma reancoragem parcial", avaliam os economistas da Genial Investimentos. Para os profissionais, este cenário demanda serenidade e moderação na condução da política monetária, reforçando a necessidade de perseverar em nível contracionista até que se consolidem o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas.
Contudo, o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, afirma que o impacto na precificação de Selic nos DIs foi pequeno. "A chance de corte de 75 pontos está entre 10% e 20% nas próximas duas reuniões. Não está muito diferente de ontem. Para o fim do ano, ontem estava entre 11,50% e 11,75% e hoje está mais para 11,75%", explicou.
As taxas longas, que deveriam ceder com o "corte hawkish" do Copom, avançaram mais de 15 pontos-base, com a curva local espelhando a americana, que também ganhou inclinação. No fim da tarde, o yield da T-Note de dez anos avançava a 4,48%, no pico ainda desde 2007.
Na gestão da dívida, diante do estresse na curva, o Tesouro diminuiu a oferta de LTN para 3 milhões, ante 11 milhões na semana passada, no leilão de prefixados. O volume de NTN-F, que no leilão anterior foi de 1,050 milhão, hoje foi de apenas 300 mil. "O Tesouro acertadamente segurou os lotes, mas mesmo assim o mercado não melhorou", comentou o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal, reiterando que a redução se deu mais por opção da instituição do que pela falta de demanda.
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