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Juros: Taxas recuam com decisão do CMN de manter meta de inflação em 3%

Os juros futuros fecharam a quinta-feira, 29, em queda. O mercado teve uma guinada no meio da tarde, quando as taxas abandonaram a alta e passaram a cair em bloco, renovando mínimas após o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmar a meta de inflação de

Denise Abarca e Renata Pedini (via Agência Estado)

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Escrito por Denise Abarca e Renata Pedini (via Agência Estado)
Publicado em 29.06.2023, 18:20:00 Editado em 29.06.2023, 18:25:52
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Os juros futuros fecharam a quinta-feira, 29, em queda. O mercado teve uma guinada no meio da tarde, quando as taxas abandonaram a alta e passaram a cair em bloco, renovando mínimas após o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmar a meta de inflação de 3,0% para os próximos anos e a adoção de horizonte contínuo para apuração a partir de 2025. Durante boa parte do dia, as taxas curtas e intermediárias operavam estáveis e as longas subiam, mas a pressão foi bem mais intensa pela manhã em meio à alta do dólar e dos retornos dos Treasuries.

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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,920%, de 12,957% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 10,97% para 10,85%, na mínima. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 10,31%, de 10,36%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 10,65%, de 10,68%.

A agenda da quinta-feira foi pesada, culminando na decisão do CMN, cuja divulgação foi antecipada para as 17 horas, com o mercado ainda aberto. Uma hora antes, porém, já havia forte alívio nos prêmios de risco com o mercado tentando antecipar o resultado. Tanto o ministro Fernando Haddad (Fazenda) quanto Simone Tebet (Planejamento), que integram o conselho junto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já haviam dito que a meta de inflação para 2024 seria mantida em 3%.

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Em entrevista coletiva, Haddad confirmou os 3% para 2025 e 2026, devido aos indicadores econômicos e porque os índices de preços têm mostrado queda acentuada. Além disso, trouxe um discurso contundente sobre a urgência de alívio monetário. Afirmou que há "grande expectativa" no governo para que, a partir de agosto, o Banco Central promova "cortes consistentes" no patamar da taxa de juros. "Em virtude do que os indicadores estão mostrando uma convergência", disse Haddad, citando a previsão apontada nesta quinta-feira, 29, pelo BC em seu Relatório Trimestral de Inflação, de IPCA em 3,1% em 2025.

Sobre a mudança para horizonte contínuo, explicou que a alteração a partir de 2025 foi definida porque será a data em que se iniciará o mandato do próximo presidente do Banco Central. "A mudança no ano-calendário é fundamental para o futuro do País. O Brasil estará em sintonia com demais países do mundo", disse.

Segundo Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, o evento veio dentro do esperado, com potencial benigno adicional para a dinâmica de preços domésticos, embora ainda seja preciso entender como será o "accountability". "É mais uma vitória do pragmatismo de Haddad, que se mostrou o principal fator de valorização dos ativos nesse segundo trimestre e deixa o momentum positivo para o inicio do próximo trimestre/semestre", afirma.

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Na curva do DI, a precificação de Selic era de 34 pontos-base para o Copom de agosto, o que representa 60% de chance de redução de 25 pontos-base e 40% de queda de 50 pontos. Para o fim do ano, a curva projeta taxa de 11,75% e para o fim de 2024, 9,0%.

A perspectiva de manutenção dos 3% recebeu hoje apoio do Relatório de Inflação (RI), que trouxe revisão da estimativa de IPCA de 3,2% para 3,1% em 2025. Campos Neto, em entrevista sobre o RI, disse que mais importante que o nível da meta, é o impacto da decisão sobre as expectativas.

Até o meio da tarde, especialmente pela manhã, o cenário externo pesava sobre a curva. O crescimento do PIB americano do primeiro trimestre, de 2% na leitura final, superou a mediana de 1,3%, reforçando a sensação de que Federal Reserve deve voltar a apertar política monetária. A curva dos Treasuries abriu e o dólar teve alta generalizada, o que acabou por prevalecer nos DIs, apesar da deflação dos índices de preços no atacado que saíram logo cedo e do saldo do Caged mais fraco.

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Internamente, teria ainda contribuído ainda para puxar as taxas para cima declarações do presidente Lula, que, no dia da reunião do CMN, criticou a meta de inflação que considera "rígida" e inalcançável. Afirmou, ainda, que o Senado "vai ter que saber" como lidar com o chefe da autoridade monetária, referindo-se a Campos Neto, uma vez que foi quem aceitou a indicação para comandar o Banco Central.

À tarde, as taxas desaceleraram o ritmo com ajustes após o leilão de prefixados do Tesouro e com a entrevista de Campos Neto, que mostrou confiança no cenário para a inflação e as expectativas. "As expectativas estão caminhando em um caminho positivo. Estamos otimistas", disse. Afirmou ainda que a autoridade monetária também "quer baixar os juros", mas que não pode fazer nada que desestruture o processo econômico no futuro.

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