Os juros futuros encerraram a sessão em queda tanto em relação a quarta-feira, 1º, quanto no acumulado da semana, refletindo, em ambos os casos, os eventos do cenário externo, que prevaleceram ante a piora do risco fiscal. As taxas cediam no fim do dia mais de 20 pontos-base a partir dos vencimentos intermediários em relação aos últimos ajustes, espelhando o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo, ontem e hoje, e também do câmbio. A leitura de desaceleração do mercado de trabalho e de enfraquecimento do setor de serviços nos EUA suavizou apostas de nova alta de juros pelo Federal Reserve e fortaleceu as de queda em meados de 2024.
Mesmo numa sessão cravada entre o feriado de Finados e o fim de semana, o giro foi robusto, mantendo-se acima de 1 milhão no contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, cuja taxa no fechamento da sessão era de 10,835%, de 10,957% na quarta-feira. A do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,84% para 10,60% e a do DI para janeiro de 2027, de 11,02% para 10,77%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa de 11,16%, de 11,39%.
Na esteira do alerta do comunicado do Copom sobre o "ambiente externo adverso", em função de uma série de fatores incluindo as taxas longas americanas, o alívio nos yields visto desde ontem derrubou os prêmios de risco nas taxas locais. Os níveis da curva americana ganharam relevância para as futuras apostas de Selic terminal, como variável agora ainda mais importante para determinar o tamanho do ciclo.
No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos estava em 4,52%, de 4,76% na quarta-feira e 4,67% ontem. Destaque na agenda do dia, o payroll de outubro mostrou criação de 150 mil vagas, abaixo do consenso de 183 mil. A taxa de desemprego subiu de 3,8% para 3,9%, contrariando a previsão de estabilidade, e os salários por hora avançaram menos do que o esperado. Os pedidos de auxílio-desemprego divulgados ontem, quando o mercado aqui estava fechado, já haviam mostrado aumento além do estimado. A ideia de arrefecimento da economia, que tende a amenizar as pressões inflacionárias e sobre a política monetária, foi ainda reforçada hoje pela queda do PMI medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, em inglês) de Serviços maior do que o consenso.
"Desses dois dias positivos lá fora, fica a sinalização de que o Fed não deve mais subir os juros. Era o que vinha preocupando aqui, que, com isso, a Selic pudesse não mais cair tanto", resume Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG Investimentos, lembrando ainda da ajuda do câmbio, uma vez que o dólar hoje voltou a ficar abaixo de R$ 4,90.
Internamente, a sexta-feira não trouxe noticiário nem agenda de impacto, com a possibilidade de alteração da meta fiscal ainda em aberto. A discussão tende a ganhar força na próxima semana. O presidente Lula é contra o contingenciamento de recursos para assegurar a meta de déficit zero em 2024 caso o governo não consiga a arrecadação necessária, de R$ 168 bilhões, conforme previsto no arcabouço fiscal.
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