Os juros futuros fecharam perto da estabilidade, após manhã de volatilidade. No balanço geral, a quinta-feira teve uma gama de fatores que poderiam influenciar as taxas tanto para baixo quanto para cima e esse jogo de forças acabou limitando a oscilação. Além disso, a uma semana do Copom e da reunião do Federal Reserve, players já evitam posições mais direcionais antes das decisões.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,390%, de 10,367% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 terminou com taxa de 10,01%, de 9,99% ontem. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,24%, de 10,23% no ajuste de ontem, e o DI para janeiro de 2029 marcava 10,79%, estável. O DI para janeiro de 2031 exibia no fechamento taxa de 11,11%, a mesma do ajuste anterior.
As taxas se movimentaram praticamente só pela manhã, período em que estavam reservados os destaques da agenda. O Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu ao indicar pausa no atual ciclo de aperto monetário após elevar hoje o juro em 25 pontos-base, enquanto nos EUA índices de inflação e atividade vieram acima do esperado. Os dados jogaram mais pressão à curva dos Treasuries, com ganho de inclinação. A taxa da T-note de 2 anos voltou a testar os 5% e a de dez anos bateu máxima nos 4,30%.
A contaminação dos DIs, porém, foi neutralizada pela queda do dólar, por sua vez, atribuída ao avanço nas commodities, em reação ao anúncio da China de corte na taxa do compulsório, o que representa uma medida de relaxamento monetário. Por outro lado, a alta de 2% do petróleo, agora com o tipo WTI também atingindo os US$ 90, mantém a apreensão quanto ao risco de novo reajuste nos preços de combustíveis. De todo modo, dólar fechou abaixo de R$ 4,90, a R$ 4,8727, sendo o real destaque hoje entre as moedas.
Na opinião de Marcos Iório, gestor da Integral Investimentos, o mercado de juros já tinha "andado" nos últimos dias após o IPCA de agosto animar apostas na aceleração do ritmo de redução da Selic e hoje houve uma tentativa de ajuste, considerando as decisões de política monetária na próxima semana. "A parte curta está esperando o Copom, com algumas casa já considerando as chances de uma aceleração e um taxa terminal menor", destaca. Mas para a próxima semana parece consolidado o consenso de corte de 0,50 ponto porcentual. Na avaliação do gestor, no comunicado, os diretores devem repetir na linguagem a estratégia de tentar barrar apostas na ampliação da dose dos cortes futuros, diante do risco de nova inclinação da curva.
As taxas longas ficaram perto dos ajustes diante das incertezas no cenário internacional. Nem mesmo a aprovação pela Câmara, ontem, em votação simbólica, do projeto de lei que regulamenta a tributação das apostas esportivas e outros jogos online, como cassinos virtuais, conseguiu animar o mercado, que segue cético sobre a capacidade de geração de receitas pelo governo para zerar o déficit primário em 2024. "Muito ainda tem de ser feito para atingir as metas. No papel é uma coisa....", avalia Iório. O governo espera arrecadar em torno de R$ 700 milhões com a regulamentação, mas estimativas internas calculam que o montante possa chegar a R$ 12 bilhões em um mercado totalmente regulado.
Deixe seu comentário sobre: "Juros: Taxas ficam de lado, limitadas entre queda do dólar e pressão dos Treasuries"