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Juros: taxas encerram de lado com exterior positivo e reação à fala de Lula sobre BC

Os juros futuros encerraram a sessão desta terça-feira com taxas perto da estabilidade, após sessão de volatilidade. O mercado se equilibrou entre o exterior favorável e as incertezas domésticas. A influência positiva dos Treasuries esbarrou no risco loca

Denise Abarca (via Agência Estado)

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Escrito por Denise Abarca (via Agência Estado)
Publicado em 18.06.2024, 18:09:00 Editado em 18.06.2024, 18:14:40
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Os juros futuros encerraram a sessão desta terça-feira com taxas perto da estabilidade, após sessão de volatilidade. O mercado se equilibrou entre o exterior favorável e as incertezas domésticas. A influência positiva dos Treasuries esbarrou no risco local, alimentado por declarações do presidente Lula não somente críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas também pela descrição do perfil que deseja para liderar o BC após a saída do atual mandatário.

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No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,655%, de 10,703% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passava de 11,28% para 11,27%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,62%, de 11,60%, e o DI para janeiro de 2029, taxa de 12,00%, de 11,96%.

Já pela manhã o mercado operava sob um jogo de forças que segurava as taxas perto dos ajustes de ontem, com sinais de alta e baixa aparecendo pontualmente e de forma moderada, mas sem fôlego para se impor. De um lado, os juros dos Treasuries recuaram a partir do dado das vendas do varejo nos EUA abaixo do esperado, que reforçou a ideia de espaço para dois cortes de juros pelo Federal Reserve este ano. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos oscilava ao redor dos 4,21%, também em função de um leilão de papéis de 20 anos com demanda acima da média.

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De outro lado, as considerações de Lula sobre a política monetária ampliaram os receios de uma guinada na condução da Selic a partir de 2025, quando o Banco Central terá um novo presidente. Em entrevista à rádio CBN, ele disse que escolherá um novo comandante do BC que tenha "compromisso com o desenvolvimento do País e o controle da inflação" e que seja uma "pessoa madura, calejada, responsável, que tenha respeito pelo cargo que exerce e que não se submeta às pressões do mercado". Também voltou à carga contra Campos Neto. "O que é importante, é saber a quem Campos Neto é submetido", questionou. O presidente teria ainda orientado aliados a subirem o tom contra o presidente do BC, segundo a colunista da Folha Mônica Bérgamo.

A leitura das declarações, dadas na véspera do Copom, foi negativa e, de alguma maneira, coloca pressão sobre os diretores, na avaliação do estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. "Vai ser um dos 'Copons' mais interessantes. Lula passou uma mensagem clara. Se Galípolo votar pela manutenção da Selic perderá espaço como provável candidato a suceder Campos Neto", disse.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, é um dos nomes mais cotados para a presidência do BC em 2025, e um dos votos vencidos pela queda de 50 pontos-base da Selic em maio. A pressão de Lula o coloca agora numa "sinuca de bico" se sua opção for, desta vez, por manter a taxa em 10,50% em prol da esperada unanimidade na votação.

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No meio da tarde, o mercado ampliou as fichas na possibilidade de um desfecho "dovish" do Copom amanhã, até porque a manutenção da Selic em 10,50% é considerada uma aposta de graça. Assim, os players acabam vendo no corte de 25 pontos-base para 10,25% uma aposta que traz alguma opção de ganho.

Por volta das 16 horas, o mercado limpava o prêmio de risco para alta da Selic no Copom de amanhã nos DIs de curtíssimo prazo, mostrando 100% de chance de estabilidade para a taxa, mas sustentava chances de elevação para as demais reuniões de 2024. Para o fim do ano, a curva projetava Selic de 11,25%.

Desta vez, o mercado considera o placar da votação mais importante até do que o nível da Selic em si, para dissipar quaisquer dúvidas sobre um racha dentro do colegiado ou viés ideológico. "Um corte de 25 pontos de forma unânime não será mal recebido pelo mercado", afirma Cruz. De todo modo, diante da piora do câmbio, da desancoragem das expectativas e da falta de avanço na área fiscal, há consenso de que o mais adequado agora seria encerrar o ciclo.

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