O juros futuros fecharam o dia em queda. Dados mais fracos nos EUA endossaram a ideia de fim de ciclo de aperto monetário pelo Federal Reserve, com alívio nos rendimentos dos Treasuries. Em outra frente, as cotações do petróleo desabaram, favorecendo as expectativas com relação aos preços internos dos combustíveis. Na seara fiscal, o governo definiu que não vai propor alteração da meta de déficit zero para 2024 no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas a reação das taxas foi morna.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,500%, de 10,555% no ajuste de terça-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,27% para 10,19%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,32% (de 10,40%) e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 10,73%, de 10,81%.
O movimento mais firme de baixa ocorreu pela manhã, quando as taxas chegaram a recuar em torno de 10 pontos-base, alinhadas às curvas globais e à descida do dólar até a marca de R$ 4,83. A primeira etapa exigiu um ajuste dos DIs à inesperada deflação dos preços do atacado nos EUA em outubro, ontem, quando o mercado aqui estava fechado, e hoje saíram números acima do esperado de pedidos de auxílio desemprego. Na quinta-feira, a inflação ao consumidor já tinha surpreendido para baixo.
Nesse contexto, cresce a percepção de que os juros nos EUA não devem mais subir e o ciclo de corte pode começar ainda no primeiro semestre de 2024. No fim do dia, o yield da T-Note de dez anos estava em 4,441%.
Ainda no exterior, chamou a atenção o tombo de quase 5% nos preços do petróleo, decorrente da alta dos estoques norte-americanos combinada às preocupações sobre a desaceleração da demanda, em especial na China. O barril do Brent, que serve de parâmetro para os preços internos, fechou em US$ 77,42 no contrato para janeiro. O comportamento da commodity reforça a possibilidade de novo ajuste em baixa nos preços dos combustíveis no curto prazo, o que representaria alívio adicional ao cenário inflacionário.
Na área fiscal, o mercado passou a manhã esperando o desfecho da reunião entre ministros da área econômica e política no Planalto, da qual sairia uma definição sobre a meta de 2024. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, que defende a flexibilização do objetivo de zerar o déficit, não estava presente. Após o encontro, no início da tarde, o relator da LDO, Danilo Forte (União Brasil-CE), comunicou que o governo não apresentaria emendas para a alteração no texto, que deverá ser apresentado até a próxima terça-feira.
Apesar de ser este o tema central das preocupações domésticas, a decisão pela manutenção da meta não gerou reação positiva nas taxas, que até chegaram a desacelerar o ritmo de baixa, num momento em que também o dólar zerava as perdas ante o real. Os agentes classificam como positiva a decisão do governo, mas veem como insuficiente para animar os investidores.
"Por mais que Fernando Haddad tenha ganho a batalha contra Rui Costa, para 2024 ainda tem muita coisa em aberto, como por exemplo os projetos de incremento de arrecadação", afirmou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirmou que o mercado já tinha antecipado um cenário benigno da confirmação de que a meta segue zero, mas que o governo pode mudar à frente. "Agora, a questão do mercado deixa de ser se o governo vai se comprometer com a meta zero e passa a ser quando muda, e quão pior vai ser a meta revisada", disse.
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